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Festivais

48o Brasília (2015) – noite 3

Mais experimental e mais contundente

Por Luiz Joaquim | 19.09.2015 (sábado)

BRASÍLIA (DF) – Com a exibição quinta-feira de “Fome”, longa-metragem do gaúcho Cristiano Burlan, na competitiva do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, esta edição do evento começa a ganhar uma nova personalidade. Agora mais experimental e contundente, trazendo apenas pela elaboração de suas imagens um discurso próprio em si.

Burlan é mais um egresso do documentário e as marcas de seu histórico criativo aparecem fortes na construção deste “Fome”, com o protagonismo aqui bem defendido por Jean-Claude Bernardet.

O ilustre pensador do cinema brasileiro, agora cada vez mais ator, tem aqui, talvez, sua melhor performance na tela (será premiado?). Interpreta um frágil mendigo que perambula por São Paulo empurrando um carrinho de supermercado com suas quinquilharias.

Em sua trajetória, encontra uma pesquisadora (Ana Carolina Marinho) que lhe entrevista trazendo toda carga de conceitos pré-concebidos sobre o que seria a vida de um sem-teto.

“Fome” procura contrastar essa ideia pela postura de Joaquim/Malbu (Bernardet), que nega o passado e acredita na deambulância e na ausência de qualquer tipo de amarra social como uma dura conquista.

Num dos melhores momentos, Malbu encontra um ex-aluno (Francis Vogner) que lhe reconhece e inicia uma discussão sobre a validade de seu trabalho acadêmico. Mas, muito da beleza de “Fome” está no ritmo que Burlan lhe impõe – o mesmo do velho ambulante – e pela fotografia P&B feita por Helder Filipe Martins, captada com uma câmera Sony A7s.

A exibição dos curtas-metragens na noite de quinta-feira não deixou cair a qualidade apresentada no dia anterior. Foram projetados o rigoroso e elaboradíssimo “Tarântula”, de Aly Muritiba e Marja Calafange (exibido em Veneza), e “Rapsódia para Um Homem Negro”, de Gabriel Martins, dando uma bela perspectiva histórico-alegórica da raça negra para uma conflito contemporâneo.

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