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Festivais

48º Brasília (2015) – noite 5

Curta no formato, grandes no talento

Por Luiz Joaquim | 22.09.2015 (terça-feira)

BRASILIA (DF) – Se não fosse por um pequeno material de arquivo em audiovisual e um curto grafismo para ilustrar uma composição do biografado de “Santoro: O Homem e Sua Música”, este filme dirigido pelo inglês naturalizado brasileiro John Howard Szerman poderia passar bem como um programa de rádio.

Exibido na noite de domingo, o longa-metragem que busca resumir a importância da obra deixada pelo músico, compositor e maestro Cláudio Santoro (1919-1989) foi o penúltimo a exibir na mostra competitiva do 48o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Primário e tradicional (num mau sentido) no encadeamento das informações que dispõe a partir de depoimentos de entrevistados, alternando com trecho de obras de Santoro executadas por orquestras sinfônicas filmadas, ou ainda ilustrando canções com imagens de correspondência óbvias à letra da música – como um videoclipe ruim – o documentário, do ponto de vista de criatividade artística cinematográfica – não faz jus, em equivalência audiovisual, ao reconhecido talento musical de Santoro.

Este “O Homem e Sua Música”, na verdade, não oferece nenhum justificativa cinematográfico para constar numa mostra competitiva, principalmente como a de um festival como o de Brasília. Sua forma quadrada talvez se adéque melhor à televisão, funcionando mais como um currículo audiovisual do que um produto pensado para exibir numa sala de cinema.

CURTAS
Os curtas-metragens que antecederam “Santoro” salvaram a noite do domingo do Festival. Começando por “A Outra Margem”, de Nathália Tereza, que vem do Mato Grosso. Com o mínimo de diálogos, Tereza apresenta um solitário agro-boy que vagueia pela noite de sábado do Centro-Oeste dirigindo sua camionete enquanto escuta um programa romântico pelo rádio.

O desalento do rapaz e sua rispidez masculina contrasta com a delicadeza de Carol (Natália Mazarim), garota leve com quem ele divide um pedaço dessa noite tão solitária. Com economia, tranqüilidade e segurança, Nathália consegue desconstruir preconceitos a partir de uma fotografia difícil (noturna) e cuidadosa.

Já “História de Uma Pena” reforça mais uma vez o talento do jovem cearense Leonardo Mouramateus. Com seu roteiro que liga bem os arcos na história, com uma encenação naturalista – que também inclui o cineasta Caetano Gotardo (“O Que se Move”) aqui um bom ator –, “História de Uma Pena” ainda dá espaço para experimentação na linguagem, com a principal fala dos alunos numa sala de aula sendo dita em off, enquanto o foco fica em outro personagem, que apenas escuta como nós espectadores. O filme exibiu na última edição do Festival de Locarno.

COMPETICÃO – A mostra competitiva do Festival encerrou ontem com a exibição dos curtas paulista “O Sinaleiro”, de Daniel Augusto, e o gaúcho “O Corpo”, de Lucas Cassales. O longa será “Prova de Coragem”, de Roberto Gervitz, adaptado do livro “Mãos de Cavalo”, de Daniel Galera.

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