48º Brasília (2015) – noite 6
Prova de Coragem
Por Luiz Joaquim | 23.09.2015 (quarta-feira)
Um dos possíveis parâmetros para pensar nos resultados que o longa-metragem gaúcho “Prova de Coragem” (escrito e dirigido por Robert Gervitz) busca é atentar para o fato de que seu roteiro é adaptado do livro “Mãos de Cavalo”, de Daniel Galera, e que, dois dias antes (no sábado), o 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro assistiu “Big Jato”, de Cláudio Assis, que é outra ficção adaptada também de um livro, escrito por Xico Sá.
Está evidente que tratam-se de duas obras literárias de intenções e estilos distintos, e suas respectivas versões para o cinema apontam para dois lados que ressaltam menos as diferenças temáticas, e mais estilísticas no audiovisual. Uma delas aponta para a inventividade e audácia a partir do que a linguagem cinematográfica pode proporcionar (“Big Jato”). A outra concentra-se em seguir uma linha reta narrativa apoiando em estruturas confortáveis, ou melhor, que não dão margem para erros ao contar uma história de maneira visualmente tradicional (“Prova de Coragem”).
Gervitz e seu respeitado fotógrafo, Lauro Escorel, apropriam-se bem das belas imagens do Sul do País e enchem os olhos do espectador com seu cenário. É uma fotografia, entretanto, presa, que segue o objetivo rígido e limitado claro de obedecer ao que o texto dos atores pede.
O pernambucano Armando Babaioff, como o cirurgião cardiovascular Hermano – que vai ser pai involulatariamente com a esposa, a artista plástica Adri (Mariana Ximenes), e que durante a gestação ele planeja escalar a Terra do Fogo – aparece aqui também limitado. Babaioff parece não dar a dimensão necessária para um homem em conflito, em dívida consigo próprio com seu passado, tendo de enfrentar seus medos para encarar o futuro com tranquilidade. Ximenes também parece se esforçar, mas sua Adri soa apenas com uma face no roteiro de Gervitz. A de uma mulher constantemente amarga. Não há cinza em sua personagem de preto e branco.
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