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Críticas

Nocaute

Macho também chora

Por Luiz Joaquim | 11.09.2015 (sexta-feira)

Estreia “Nocaute” (Southpaw, EUA, 2015), de Antoine Fuqua. Aos 49 anos, Fuqua vem consolidando uma carreira bem definida em torno de um (muito bom) cinema sobre o universo macho. Mas que universo seria este? O quanto de risco há numa afirmação como esta? Pouca, pois Fuqua não estigmatiza a ideia preconcebida pelo que entendemos de macho. O ponto número um aqui está no fato de que seus homens são sempre fortes, amam suas mulheres acima de tudo e, de tudo farão para protegê-las, incluindo a truculência direta contra algozes. E, um detalhe, eles choram.

O que interessa ao cineasta é, portanto, entender até onde suportam, qual o limite, destes machos modernos que compreendem precisar de suas mulheres para seguir com equilíbrio neste mundo hostil. Lealdade não é mais uma questão nos filmes de Fuqua. A família sim.

Bem acima de questões de gênero, está o cinema de qualidade de Fuqua. Um cinema que poderá encantar até menininhas inocentes, desde que possuam sangue cinéfilo circulando no corpo.

Depois de seu primeiro sucesso internacional, “Dia de Treinamento” (2001), com Ethan Hawke aprendendo na marra a trabalhar no departamento de narcotráfico em Los Angeles; depois de pôr Mark Wahlberg como um ex-atirador em conflito e contra a parede em “O Atirador” (2007); e de criar uma incrível crônica sobre traição policial em “Atraídos pelo Crime”, com Richard Gere; Fuqua agora visita o universo dos boxeadores seguindo os passos de Billy Hope (Jake Gyllenhaal).

Billy é bronco. Foi criado num orfanato no Brooklyn e tornou-se o mais famoso boxeador peso-médio que se conhece. Ficou milionário e é feliz ao lado da bela esposa Maureen (Rachel McAdams), que é, antes de tudo, sua amiga desde os 12 anos de idade. Com Maureen tem a pequena Leila (Oona Laurence). O casal a cria com o amor que nenhum dos dois nunca recebeu no orfanato.

Mas o enredo leva Billy a vivenciar uma sequência de tragédias que abalaria o mais forte dos homens. E é nesse contraste que vamos conhecer o protagonista. Um homem poderoso e que nunca caiu mas agora encontra-se sob uma condição que para alguns soaria humilhante, mas que Fuqua a destaca válida se se busca a própria redenção.

Sem a mulher que tanto ama e impedido de ver sua filha, Billiy precisa recomeçar tudo do zero. E o roteiro do estreante no cinema, Kurt Sutter, é radical (e convincente) nos limites que cria para enlouquecer o boxeador esquentado. Combinado a isso, temos Gyllenhaal (sempre um bom ator) como um bomba furiosa prestes a explodir e que ganha ótimo terreno cênico nas boas sequências de luta no rinque ou quando protagoniza os momentos de ternura em família.

McAdams por sua vez, parece cada vez mais a atriz correta para representar a esposa que muitos gostariam de ter ao lado. Linda, carinhosa e inteligente. Apesar de lembrar o duro “Touro Indomável”, de Martin Scorsese, em função da decadência de um boxeador, “Nocaute” está mais para um filme sobre a família e os seus desafios.

REFILMAGEM – Um dos supra-sumo entre os filmes, por assim dizer, masculinos ganhará uma nova versão em 2016 e, não à toa, está sendo dirigido por Antoine Fuqua. É o faroeste “Sete Homens e Um Destino”, originalmente dirigido em 1960 por John Sturges. No novo filme estarão Ethan Hawke e Denzel Washington.

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