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Festivais

39a Mostra de SP (2015) – abertura

Leia entrevista com Renata de Almeida

Por Luiz Joaquim | 22.10.2015 (quinta-feira)

Durante as próximas duas semanas, circulam em 22 espaços de projeção na cidade o número de 311 filmes de 62 países. Entre as centenas de atrações estão os blocos de filmes que se referem aos três homenageados desta edição: o The Film Foundation, instituição criado por Martin Scorsese que completa 25 anos – e terá 23 filmes programados, entre eles “Limite” (1931), “Rashomon” (1950), “O Rei da Comédia” (1982), “Eraserhead” (1977) e “O Inquilino” (1927), de Hitchcock -; o cineasta italiano Mario Monicelli (com cinco filmes, incluindo “Casanova 70”, 1965), e José Mojica Marins, o nosso Zé do Caixão, (que contará com a exibição exclusiva de episódios para a tevê que dramatizam o início de sua carreira).

A Mostra ainda jogo o foco sobre a contemporânea produção de cinco países nórdicos – Dinamarca, Finlândia, Suécia, Noruega e Islândia -, além de claro, atualizar o público com os títulos premiados nos mais influentes festivais de cinema no mundo como “Dheepan” (Palma de Ouro em Cannes), “Desde Alla” (Leão de Ouro em Veneza), “Pardais” (Concha de Ouro em San Sebastian), e “Virgin Mountain” (melhor filme, roteiro e ator em Tribeca).

A Mostra de SP será palco do nascimento – em sessão hoje às 19h30 – de um novo filme pernambucano. É a estreia de Pedro Severien num longa-metragem. Em “Todas as Cores da Noite”, uma jovem moradora à beira-mar do Recife acorda após uma festa em sua casa com um corpo na sala de estar. Ainda na programação “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, e o documentário coletivo “5 x Chico: O Velho e Sua Gente”, com um dos cinco curtas dirigido por Camilo Cavalcante.

Na entrevista ao lado, a diretora da Mostra, Renata de Almeida, fala das dificuldades e alegrias de produzir esta 39ª edição que acontece até 4 de novembro e, posteriormente, segue em itinerância por 13 cidades, incluindo o Rio de Janeiro.

Entrevista: Renata de Almeida

Antes de “Meu Amigo Hindu” outro filme de Hector Babenco – “O Passado” (2007) – já abrira a Mostra. É a primeira vez que um mesmo realizador tem dois de seus filmes abrindo o evento?

Olha, pelo que lembro agora, o Manoel de Oliveira (1908-2015) também abriu duas vezes a Mostra. Com “Palavra e Utopia” [2000] e “O Estranho Caso de Angélica” [2010]. O Hector [Babenco] me convidou para ver seu filme e achei incrível. Será uma premiere mundial amanhã [hoje] e ele é um cineasta respeitadíssimo em todo o mundo.

Com surgiu a oportunidade da parceria com The Film Institute de Martin Scorsese?

Nossa parceria é antiga. Trabalhamos há algum tempo com eles, mas a ideia da homenagem começou a ser negociada em dezembro [de 2014]. Decidimos esperar eles completarem 25 anos de existência para ressaltar o trabalho que eles fazem ajudando a memória do cinema e salvando filmes perdidos. Eles já salvaram cerca de 700 filme. Começaram com a produção norte-americana e italianos, uma paixão do Scorsese, até partirem para de outras nacionalidades. Vamos exibir 25 filmes de sua coleção, alguns clássicos mas também outros que são tão importantes quanto mas não tão conhecidos, como produções do Senegal, de Taiwan, e outros.

Serão exibidos em que formato? Película, DCP?

Curioso, o público têm perguntando isso (risos). Querem saber se vão ver filme em 35mm. Parece estar virando um luxo. Acho que agora vou divulgar isso com mais entusiasmo (risos). Sim, teremos sessões em DCP e alguns em 35mm. Com destaque para “Meu Único Amor”, filme mudo que será exibido no Parque do Ibirapuera com a Orquestra Sinfônica de Heliópolis.

A itinerância da Mostra com o Sesc ganhou novas cidades este ano, incluindo agora Campinas, Campos do Jordão (dez filmes, cada uma) e até o Rio de Janeiro (13 filmes). Já considerou fazer a itinerância em outras capitais do País que não tenham festivais internacionais?

Seria bacana, mas é preciso fazer uma outra negociação. É preciso também correr atrás de patrocínio. Rever valores de aluguel, trabalhar a produção local, etc. Mas sim, é uma ótima ideia e na medida do possível, gostaríamos de expandir. Quanto mais lugares a Mostra chegar, melhor.

Já foi divulgado que por conta da atual crise financeira, o orçamento desta edição sofreu um corte de até 40% com relação aos valores do ano passado.

Foi um ano difícil. Além da perda de alguns apoios importantes tem essa alta do Dólar. Com isso, todas as despesas que dependiam dele praticamente tiveram o preço dobrado. Felizmente agora no finalzinho conseguimos um patrocínio que nos deu equilíbrio. Mas estamos satisfeito com essa edição. Não é uma Mostra pequena. Não parece uma Mostra da crise. Quando a gente lembra do catálogo da Mostra da época do Collor [ex-presidente de República, Fernando Collor de Melo], aí sim a coisa era feia. Era tão ruim que até as páginas soltavam fácil (risos). Hoje estamos longe disso.

E sobre homenagem ao José Mojica Marins? Quem conhece sua trajetória sabe que ele merece ser celebrado

Pois é. E os capítulos que vamos exibir [dia 29/10] da série que foi feito sobre sua trajetória, com Matheus Nachtergaele interpretando o Mojica, trazem informações do início de sua carreira contando como nasceu o personagem. Isso anima qualquer cinéfilo. Além disso, vamos exibir no vão livre do Masp alguns de seus filmes. Acho também muito simbólico dar a ele o prêmio Leon Cakoff. Eles se davam muito bem. Se conheciam desde a época em que o Cakoff escrevia para o Diários Associados.

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