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Festivais

8º Janela (2015) – abertura

Vocação para a rua

Por Luiz Joaquim | 06.11.2015 (sexta-feira)

O 8º Janela Internacional de Cinema do Recife inicia às 17h de hoje no cine São Luiz e, a partir de amanhã, agrega o Cinema do Museu e o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, quando dará partida a exibção de um total de 114 sessões até 15 de novembro. Dois aspectos mais pontuais marcam esta edição. O primeiro mostra que, mais do que em qualquer outra de suas sete edições anteriores, o festival reforça seu interesse em interagir com a cidade.

Seu mais escandalosamente concreto exemplo é a caminhada para qual o festival convida a população a fazer num itinerário que visitará os espaços onde funcionaram até meados dos anos 1990 os grande cinemas de ruas do Recife. Acontecerá no sábado (14/11). O horário de saída ainda não foi definido, mas prevê passagem pelos endereços onde funcionavam o cine AIP, Moderno, Trianon, Art Palácio, Veneza, além de salas históricas na Rua Nova. O passeio terminará no São Luiz, onde haverá a projeção de um cine-jornal resgatado que mostra a inauguração do Veneza em 1970.

Ainda pelo aspecto sócio-urbano, o Janela neste 2015, não apenas evoca em seu pôster um símbolo que gerou polêmica e indignação social no Recife – o Edifício Caiçara parcialmente demolido em 2013 – como também define a rua como temática curatorail condutora. O reflexo disso aparece naturalmente em alguns títulos que dialogam explicitamente com o assunto, como o argentino “Uma Importante Pré-Estreia” (11/11), do Santiago Calori, sobre a cinefilia em Buenos Aires entre os anos 1960 e 1980, ou o português “João Bénard da Costa: Outros Amarão as Coisas que Eu Amei” (15/11), de Manuel Mozos.

O destaque para o assunto só aumenta com um programa chamado “Filmes de Ação – Estelita e o audiovisual como combate”, amanhã às 17h no Cinema da Fundação, exibindo curtas-metragens realizados ao longo dos últimos cinco anos de forma combativa ao projeto Novo Recife para o Cais José Estelita. Após a sessão, um debate. Há ainda nove curtas-metragens a serem exibidos sob a sombra dessa temática, e o Janela divulga ainda o relançamento do já clássico pernambucano “Amigos de Risco” (2007), de Daniel Bandera (10/11), e “Warriors: Os Selvagens da Noite” (1979), de Walter Hill (10/11) como obras que apontam para a ocupação da rua.

A propósito da exibição de clássicos, este é o segundo aspecto marcante da 8ª edição do Janela. Eles formam uma outra vocação para a qual o Janela vem fincando suas pegadas com mais força a cada ano, tendo iniciado em 2010, quando mostrou ali a trilogia do Dólar Furado, em cópias 35mm vindas da Austrália. Neste ano, dos 53 longas-metragens programados para exibir nos próximos dez dias, 20 são clássicos. O número ganhou reforços este ano pela parceria com o British Film Institute (BFI), engordando a seleção de clássicos em sete filmes de beleza incontestável, como “A Inocente Face do Terror” (1960), de Jack Clayton (hoje, 19h15).

E ainda que nesta 8ª edição o Janela opere maciçamente em função da história do cinema, o festival oferece 33 longas-metragens contemporâneos (de um total de 53) contemporâneos e inéditos, com especial destaque à produção brasileira, sendo um dos grandes destaques da seleção o pernambucano “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, em sessão às 22h de hoje novo cinema São Luiz.

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