8º Janela (2015) – Mate-me por Favor
Festival apresenta uma nova diretora
Por Luiz Joaquim | 07.11.2015 (sábado)
Diversão pop-juvenil intrincada com o espírito de um thriller de tensão marcam “Mate-me Por Favor”, filme de estreia da carioca Anita Rocha da Silveira, que exibe às 20h de hoje no Cine São Luiz dentro da mostra competitiva do 8º Janela Internacional de Cinema do Recife. Chegando na cidade com o carimbo da seleção na Mostra Horizonte do Festival de Veneza 2015 (no qual perdeu para “Boi Neon”), “Mate-me…” situa-se inteiramente na muito particular área do Brasil chamada Barra da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro.
O filme abre com uma boa encenação do assassinato de uma mulher saindo de uma festa na região, e continua a partir da perspectiva da adolescente Bia (Valentina Herszage) que, ali no colegial ao lado das amigas, divide seu tempo entre o sexo com namorado de doutrina protestante e cheio de culpa; entre o jogo de handeball na escola; e entre uma fixação pela vida da garota assassinada na região, que é mostrada no filme como uma ilha de condomínios de luxo cercado pelo mar e terreno baldio.
Anita acerta ao retratar aspectos da juventude – a disputa na cantina da escola pela atenção do atendente no balcão é um clássico -, e também é cuidadosa na construção de atmosferas que sugerem medo, mas parece soar reiterativa e sem um destino certo nas derivações de personagens satélites. Há o irmão mais velho de Bia, João (Bernardo Marinho), colado constantemente no Facebook a espera de um resposta daquela por quem é apaixonado, que ajuda também na ilustração a cômica paixão platônica de uma amiga de Bia, além de reforçar a ausência dois pais na vida de Bia e João.
Haveria uma imputação de julgamento moralista aqui? A ausência dos pais seria uma consequência da crescente desorientação de Bia e João. No seu filme, Anita parece não estar interessada em aprofundar essa questão, que a próprio obra sugere. A excitação pela composição do clima fabuloso e do medo pede mais atenção para si.
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