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Reportagens

Quebrando vidraças

Mulheres unidas contra o machismo

Por Luiz Joaquim | 11.11.2015 (quarta-feira)

A situação tensa que envolveu a cineasta Anna Muylaert, e os diretores Lírio Ferreira e Cláudio Assis durante o debate do filme “Que Horas Ela Volta?” no Cinema do Museu do Homem do Nordeste no último 29 de agosto ainda reverbera. Semana passada, ao subir no palco do Teatro Difusora para apresentar seu curta “Soneto do Desmantelo Blues” (1993), Cláudio Assis foi surpreendido por um grupo de mulheres fazendo um apitaço, segurando cartazes e soltando gritos de ordem como: “Se tem violencia contra a mulher, a gente mete a colher”. Hoje, às 14h30 no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhaes (Mamam), no Recife, acontece uma nova ação que surge como desdobramento direto do debate em torno do machismo.

Com uma mesa formada pelas cineastas Renata Pinheiro, Juliana Lima (ABD-PE), e a pesquisadora Dayane Dantas, além de Mariana Azevedo (mediando), o debate “Quebrando Vidraças” quer estimular a troca de ideias sobre “cinema de mulheres, gênero, empoderamento, visibilidade, cadeia produtiva, dificuldades” (diz o anúncio da página do Facebook), além de sugerir formas de virar o jogo contra o machismo.

A iniciativa é de um dos subgrupos que formam o coletivo “Desconstruindo o machismo no audiovisual pernambucano”, que se estabeleceu imediatamente depois do acontecimento em agosto na Fundação Joaquim Nabuco. “O grupo apoiou a decisão da Fundação e passou a cobrar da instituição que revelasse outras situações como essa, ao invés de ocultar. A partir desse episódio de agosto, realizamos reuniões produtivas deliberando em plenária; e já avançamos bastante, planejando cursos, seminários e mostras que serão apresentados em breve”, diz a realizadora Cynthia Falcão, também a frente da Massangana Multimídia, da Fundaj.

Cynthia explica que a ideia da ação de hoje estava vinculada ao funcionamento do festival Janela, como uma grande vitrine nacional. “Não queriamos fazer algo dentro do Janela, mas na época do Janela. No dia de sua abertura (6/11), já aconteceu uma ação na fila do São Luiz, com outro grupo do coletivo fazendo uma performance chamada “Cabelaço””, disse.

Renata Pinheiro adianta deve conduzir sua fala no debate de hoje pelo vies da representação feminina no cinema. “Existem filmes que promovem a manutenção de um pensamento machista. Com as mulheres como extensão de homens, e não como indivíduos, como protagonistas de uma questão dramática”, diz.

Já a artista plástica Bruna Rafaella Ferrer lamentar não poder comparecer no evento por conta de um compromisso profissional. “Gostaria de fazer uma intervenção levando ao campo das artes plásticas. Se fizerem uma retrospectiva do tema em Pernambuco deverão aparecer cinco mulheres? Não é que não existam mulheres produzindo, mas sim que esse circuito que conhecemos só dá visibilidade a uma certa produção”, ressaltou.

SERVIÇO:
“Quebrando vidraças: desconstruindo o machismo no audiovisual pernambucano” (roda de diálogo)
Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM (auditório)
Hoje (11/11/15), das 14h30 às 17h
Entrada gratuita

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