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Críticas

À Beira Mar

O filme francês de Angelina Jolie Pitt

Por Luiz Joaquim | 02.12.2015 (quarta-feira)

Não é apenas na assinatura da direção e do roteiro que “À Beira Mar” (By the Sea, EUA, 2015) é um filme inteiramente pertencente a atriz Angelina Jolie Pitt (aquela que antes você conhecia apenas como “Angelina Jolie”). Apesar da presença forte e condutora de Brad Pitt como Roland, um escritor em conflito com sua capacidade criativa, é a personagem de Jolie Pitt (Vanessa) que, ao final, tudo conduz de modo discreto nessa trama deprimida e que, por trazer personagens tão inócuos nem empolga ou convence.

A força da presença de Pitt vem, na verdade, de seu talento – sim, o bonitão é talentoso, e não se pode evitar de encarar isso. E só vem dele (de seu talento), pois a consistência dos personagens criados por Jolie Pitt aqui são ralas. Dessa forma, fica difícil para qualquer espectador, inclusive aqueles com muito boa vontade, embarcar na dor que eles apenas sugerem estar carregando.

São altas as discrepâncias entre a performance de um e outro ator aqui – que contracenam pela primeira vez juntos após o trabalho que os apresentou, em 2005, “Sr. & Sra. Smith”. Vanessa é a esposa deprimida de Roland. Sabemos apenas que ela foi uma famosa dançarina e hoje não é mais do que uma sombra de ser-humano, mas que mantém a maquiagem em dia e esforça-se para manter nas aparências algum brilho da estrela que já foi um dia.

Situado no que parece ser os anos 1970, o filme inicia com o casal esbanjando charme chegando a um deslumbrante e reservado balneário francês onde Roland pretende encontrar inspiração para seu próximo romance. Ao mesmo tempo em que ele tenta administrar a depressão crescente da esposa. No hotel, o quarto vizinho hospeda um jovem casal que estão juntos a dois meses, cuja alegria de viver (e pelo sexo) transborda pelos poros. Eles servem, no roteiro, como um espelho para o que Roland e Vanessa já foram um dia.

Em síntense, “À Beira Mar” soa como um carregadíssimo “drama francês”. Aquele que Jolie Pitt intimamente gostaria de encenar, mas aparenta aqui, na verdade, falso, uma vez que nasce da ideia norte-americana de um “drama francês”. Com seus estereótipos e excessos – principalmente na postura da ex-famosa dançarina que esforça-se em manter o estigma de diva – a tal ideia romântica de Jolie Pitt viver um história existencial à beira mar no sul da França finaliza-se cinematograficamente pobre. Entediante, até.

Há, entretanto, um a chave dramática feminina resguardada para o final que pode fazer soar um sino nas espectadoras femininas. Este crítico masculino, acredita, porém, que tal chave não abrirá a porta da salvação para “À Beira Mar”.

ELENCO – Num enredo tocado basicamente por cinco personagens, além de Brad Pitt, o jovem casal vivido pelos franceses Mélanie Laurent e Melvil Poupaud formam um destaque vital com suas performances. Há ainda a presença luminosa de Niels Arestrup (como Michel), um veterano ator francês, para quem atuar bem parece uma brincadeira.

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