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Entrevistas

Entrevista: Guilherme Fontes

Passando a história a limpo

Por Luiz Joaquim | 16.12.2015 (quarta-feira)

Tranquilo, sorridente e bastante acessível, o cineasta e ator Guilherme Fontes, responsável pelo filme “Chatô: O Rei do Brasil” – uma das mais polêmicas produções da recente história audiovisual brasileira -, esteve ontem no Recife. O realizador veio participar de uma sessão à noite de sua obra e bater um papo com o público no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, como parte da programação da 18º mostra Expectativa/Retrospectiva da Fundaj.

Antes disso, num almoço ontem com a imprensa, Fontes falou desse atual momento de alegria em que “Chatô”, iniciado em 1995 e só lançado há cerca de um mês, vem chamando a atenção da mídia não mais por questões financeiras, mas sim pela suas qualidades cinematográficas. Recém eleito melhor diretor brasileiro em 2015 por este filme pelo tradicional prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, Fontes, 48 anos, ainda se diz surpreso com as reações que vem colhendo desde do “nascimento” de “Chatô”. “Esse prêmio foi incrível. O filme estreou e, uma semana depois, eles já estavam anunciando”, disse.

Para Fontes, o momento agora é o de administrar da melhor forma essa repercussão entre crítica e público. Apesar da distribuição do filme não ter acontecido como ele desejava – “o [Grupo] Severiano Ribeiro não lançou o filme no Rio [de Janeiro] em três bairros importantes”, exclamou -, o também produtor agora estuda as possibilidades de estender o lançamento para outras mídias (tevê) e plataformas (home-video, streaming pela Internet).

Ainda assim, os últimos números de público feito pelo filme na cabeça do diretor soavam bons – 52.000 espectadores -, considerando a maneira tímida com a qual a produção chegou aos cinemas.

Quando o assunto são as polêmicas em torno das prestações de contas de “Chatô”, Fontes lembra com mágoa da postura da imprensa que “quando percebeu que estava errada nas acusações, não procuro esclarecer”, pontuou. “Ninguém faz a conta de que o -Projeto Chatô- contemplava 15 horas de filmagens [em película] e para isso trabalhei com R$ 8,6 milhões. Quando prestei contas, mostrei que o custo foi de R$ 11 milhões. Na verdade, tenho crédito aqui”, diz sério, mas sorridente.

O tal “Projeto Chatô” inclui sete documentários sobre Assis Chateaubriand e cinco sobre Getúlio Vargas e, o melhor, uma série, no estilo sitcom norte-americano, com 25 episódios (já existem cinco filmados) em que o primeiro magnata das comunicações no Brasil entra em cena apenas para provocar uma confusão nos funcionários enquanto a dramaturgia segue com seus empregados. “Cada capítulo concentraria-se sobre um problema brasileiro”, finalizou, com um sorriso de quem aproveita os louros de 20 anos de engasgo artístico.

MEMÓRIA – Tendo rodado as últimas cenas de “Chatô” em outubro de 2004 no Maranhão, Guilherme Fontes iniciou as filmagens em 1999, quando concluiu 13 semanas de trabalho, de um total de 24 planejadas. Ali, tinha cerca de 65% do filme quando o dinheiro acabou e começou a busca por novos recursos.

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