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Reportagens

Netflix, com cacife de cinema

Estreia, num monitor próximo a você

Por Luiz Joaquim | 29.12.2015 (terça-feira)

Entre tantos aspectos a destacar neste 2015 é que a sala de cinema passou a não ser, necessariamente o espaço prioritário para lançamentos de grandes filmes. Só em 2015, o mais famoso e poderoso canal de exibição de longas-metragens e tele-séries por streaming (transmissão instantânea de áudio e vídeo pela Internet), o Netflix, dedicou exclusividade on line a estreia de pelo menos três produções com cacife para serem lançadas no tradicional circuito dos cinemas.

Foram eles “Beast of No Nation”, de Cary Joil Fukunaga, no dia 16 de outubro (tendo sido exibido no Festival de Veneza dia 3 de setembro); “A Very Murray Christimas”, de Sofia Coppola, dia 4 de dezembro; e o mais recente, sexta-feira (11/12), a comédia “The Ridiculous 6” (“Os 6 Ridículos”), de Frank Coraci, com roteiro e protagonismo de Adam Sandler no elenco.

São títulos produzidos pela própria Netflix que não deixam a desejar para alguns filmes que pagamos caro para ver numa sala de cinema. “Beast of No Nation”, por exemplo, tem recebido ótimas críticas e vem sendo celebrado por possuir potencial para ao Oscar 2016. Esbarra, entretanto, na diretriz da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas que, para concorrer, o filme precisa ter entrado em cartaz em alguma sala de cinema americana no ano anterior ao evento.

“A Very Murray Christmas” é o mais modesto dos três filmes mencionados, inclusive em sua duração, mais televisiva, com 52 minutos. Entretanto, não há economia no talento daqueles que assumiram o projeto, desde a direção, pelas mãos da menina Coppola, como a presença de Bill Murray no elenco ao lado de George Clooney, Michael Cera, Miley Cirus e Paul Shaffer.

Aí chegamos em “The Ridiculous 6” que vem recebendo duras críticas, muitas com o foco apontado para uma direção que não tem sentido crítico.

Desde que passou a funcionar também como produtora de filmes (além de apenas comprá-los para exibi-los) ou seja, desde que entrou no mercado da Sony, Warner, Fox, etc., a Netflix começa a pôr em prática o lançamento de produtos cinematográficos cada vez mais segmentados (iniciou pelas tele-séries, da qual já recebeu o respeito de seus assinantes e de especialistas).

Sendo assim, nada mais natural do que produzir uma comédia besteirol. Como este “The Ridiculous 6”, feita para um público alvo certeiro, e que, na verdade nos chega num degrau acima da qualidade das dezenas de porcarias feitas por Hollywood, e que são despejadas nas salas de cinema no mundo.

RIDÍCULOS
O enredo é simples e todo desenhado para satirizar a clássica tensão no Velho Oeste entre índios e bandidos. Com um parentesco longínquo com o clássico “O Pequeno Grande Homem” (1970), de Arthur Penn, o branco criado pelos índios em “The Ridiculous 6” é Adam Sandler.

Ele é Faca Branca, e certo dia seu verdadeiro pai Frank (Nick Nolte) chega a sua tribo e revela sua origem. Frank lhe pede ajuda para resgatar um tesouro de US$ 50 mil, mas é sequestrado pelo bando de Cícero (Danny Trejo) que quer lhe roubar o dinheiro.

Faca Branca decide então roubar a mesma quantia de outros bandidos para trocar por seu pai com Cícero. No caminho, o índio vai descobrindo que Frank teve outros cinco filhos (todos estúpidos) com outras cinco mulheres.

Poupo a pouco, o pianista Chico (Terry Crews, de “Todo Mundo Odeia Chris”), o mudo Herm (Jorge Garcia, de “Lost”), o débil mental Lil’ Pete (Taylor Lautner, o lobisomem de “Crepúsculo”, aqui excelente) o mexicano Ramon (Rob Schneider), e o traumatizado Will (Luke Wilson) se unem a Faca Branca para salvar o pai.

A estes, “The Ridiculous 6” agrega no elenco nomes tão fortes em participação especial que é raro vermos num mesmo filme atualmente. Estão lá Harvey Keitel, John Turturro, Steve Buscemi, Steve Zahn e até um Vanilla Ice rindo de si próprio.

Do ponto de vista técnico não há uma vírgula a se falar de ‘The Ridiculous 6”. Pelo contrario, mesmo numa tela pequena, o filme mostra-se vistoso e anda brinca com a tecnologia com a qual foi fotografado.

Ao contrário dos tradicionais e orgulhosos “Technicolors” dos primeiros faroestes a cores em Hollywood, este foi realizado com a qualidade “4K” (informação que o filme estampa com destaque) em menção à resolução das câmeras digitais com as quais habitualmente as produções são gravadas nos dias de hoje. Sinais dos tempos.

PARENTESCOS – Adam Sandler empregou o sobrinho Jared Sandler em “The Ridiculous 6”. Seu papel é pequeno como o bandido Babyface. Está aqui também a esposa de Adam, Jackie Sander, como a índia “Nunca Usa Sutiã”.

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