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Festivais

14o. Tiradentes (2011) – noite 5

Tiradentes segue com ótima seleção de curtas

Por Luiz Joaquim | 27.01.2016 (quarta-feira)

TIRADENTES (MG) – A 14a Mostra de Cinema de Tiradentes segue com seu atraente e reflexivo recorte para a contemporânea produção brasileira. Mas na terça-feira, quinto dia do evento que encerra no sábado, uma pequena mostra de curtas-metragens funcionou como memória, celebrando os homenageados da Mostra, o ator Irandhir Santos e Paulo Cezar Saraceni. No programa estavam ” Arraial do Cabo” (1959), de Saraceni e Mário Carneiro; “Décimo Segundo” (2007), de Leo Lacca; e “Azul” (2009), de Eric Laurence.

De novidade, Pernambuco mostrou, no mesmo dia, “Peixe Pequeno”. O curta, do projeto Vídeo nas Aldeias, dirigido por Vicente Carelli, Altair Paixão e montagem de Leo Sette, faz um registro de uma comunidade indígina no Mato Grosso, flagrando mais uma aspecto de colonização cultural.

Em pouco menos de quatro minutos, o trabalho, apenas como um observador, mostra os adultos se preparando para a pesca ao mesmo tempo que crianças disputam uma garrafa de Coca-Cola. Depois de beber o refrigerente, mesmo aparentemente sem gostar da bebida, eles se põe a brincar de polícia e bandido, tomando paus como se fossem pistolas. A imagem é esquisita e sempre deprimente para quem pensa na centenária fragilidade pela qual sofre a cultura indígena diante do colonizador.

“Peixe Pequeno” passou muito bem acompanhado no programa 4 da séria Panorama. A começar por “Deus”, de João Krefer. Em widescreen (16:9), o diretor nos coloca diante de uma imagem tão banal quanto poderosa, e ressalta sua importância pela música que envolveu toda a tenda da Mostra. É o típico trabalho que a experiência vale mais que o sentido, e que, fora da ambiênia escura e coletiva do cinema certamente perderá a força. O Deus do filme é o de Krefer, mas ele pode ser o do espectador também.

Já no série 2 do programa Foco, o paulista Tomas Von der Osten com seu “Vó Maria”, criou um tocante caleidoscópio visual e afetivo a partir das lembranças (narradas em off) da neta, bisneta e tataraneta da tal Vó Maria do título. Dentro do conceito de identidade, Tomas monta, aos poucos e pelos pedaços de um única pintura do rosto de Maria, como teria sido a personalidade daquela pessoa que viveu no século 19. Por essas sutilezas, “Vó Maria” sugestiona ao espectador a noção de hereditariedade e perpetuação mas, principalmente, a de imortalidade. Afinal esta parece ser a real e mais autêntica forma de podermos dizer que continuamos vivos e ressuscitados: pela memória afetiva de nossos filhos.

Dois outros bons curtas foram os paulistas “Cerimônia”, de Francine Barbosa, mostrando o funeral de um jovem tia pela perspectiva da pequena sobrinha, e o “Museu dos Corações Partidos”, de Inês Cardoso, todo feito a partir de depoimentos feitos pelo Skype (conexões de voz pela internet) com pessoas distantes. O assunto: corações partidos.

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