Deadpool
Ryan Reynolds aposta no heroísmo com humor
Por Luiz Joaquim | 10.01.2016 (domingo)
Nada como um filme que não se leva a sério para ganhar o espectador imediatamente. Alguém poderá dizer que essa é a postura de Deadpool(EUA, 2016), estreia de Tim Miller dirigindo um longa-metragem e que conta já com sessões a partir da meia-noite de hoje (10) em alguns multiplex do País.
Mas, não se deixe enganar. Deadpool apenas pretende não se levar a sério, pois, ao final, ou mesmo já pela sua segunda metade, a produção é tão quadrada quanto qualquer outra obra de super-herói feita para o cinema nos últimos 15 anos.
As provocações estão presentes já nos créditos iniciais, com sua apresentação não chamando atenção para nome de estrelas, mas sim desdenhando do protagonista, do bandido, da participação especial, do diretor que “se acha”, ficando com bom crédito apenas para o roteirista.
E o roteiro de Paul Wernick e Rhett Reese para o personagem criado em 1991 para a Marvel por Rob Liefeld e Fabian Nicieza tem seu mérito sim. A dinâmica que Wernick e Reese encontraram para apresentar a origem do personagem (e de sua personalidade) ao espectador funciona na medida em que alternam a ação no presente – o ponto de partida do filme – e do passado, quando o ex-militar e mercenário Wade (Ryan Reynolds) ainda não tinha os poderes de auto-regeneração e a super-força que o transformou em Deadpool.
Há ainda a chamada “quebra da quarta parede”. Em outras palavras, o nosso herói, ou anti-herói, conversa com o espectador quando lhe convém. Essa é uma estratégia perigosa, uma vez que habitualmente sai do funcional e cai no ridículo. Em Deadpool, entretanto, há o êxito.
O cinismo do anti-herói ajuda e as piadas são rápidas. Quando, por exemplo, vai busca ajuda dos mutantes Colosso e da adolescente Negasonic na Mansão X – base de operações do X-Men – Deadpool pergunta “cadê todo mundo? Parece que a produção não teve cachê suficiente para pagar as estrelas”.
Ou ainda, quando lhe mencionam que ele poderá usar uma roupa de super-herói, ele logo solta “Por favor, não a faça verde nem animada!”, em menção a outro super-herói vivido pelo mesmo Ryan Reynolds há apenas cinco anos, o Lanterna Verde (2011).
O momento em que a “quarta parede” volta a ser erguida é exatamente quando o passado encontra o presente, ou melhor, alcançamos a sequência de ação que abriu o filme.
Deadpool então, segue um padrão mais tradicional e perde a potência de diálogo com o espectador. Tomam conta as grande explosões e os duelos entre herói e vilão, enfadonhos em sua previsibilidade. Mas as piadas rápidas persistem, e elas ajudam a segurar a leveza do filme.
Entretanto, por mais engraçadinho que seja Deadpool, o filme não apresentou um curioso de seu protagonista, se consideramos o universo preto no branco dos super-heróis. Apesar de ser heterossexual, há espaço no personagem para algo como uma pansexualidade, com atrações inclusive pelo homem-aranha. Algo próximo ao que comentam quando alguém se remete a amizade de Batman e Robin.
Reynalds disse que não mais fará super-heróis, mas já considera encenar a continuação de Deadpool, que deverá ser dirigida pelo mesmo Tim Miller. Vejamos.
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