Joy: O Nome do Sucesso
The american way of joy
Por Luiz Joaquim | 19.01.2016 (terça-feira)
Se não fosse por Jennifer Lawrence protagonizando “Joy: O Nome do Sucesso” (Joy, EUA, 2015) – filme de David O. Russell que entra em cartaz próxima quinta-feira – é bastante provável que o filme passasse desapercebido pelo mercado. Mas Hollywood decidiu prestar muita atenção, e emprestar valor, ao trio formado por Russell, Lawrence e Bradley Cooper desde 2012, a partir de “O Lado Bom da Vida” (Oscar para Lawrence) e “Trapaça” (indicado a dez Oscars em 2014).
“Joy” também foi lembrado para estar na cerimônia do homenzinho dourado em 2016, mas apenas pela performance de Lawrence. Performance que lhe rendeu, semana passada, o prêmio da categoria no Globo de Ouro. Com tantas vetores apontando para a atriz, não há como avaliar o filme sem comentar o trabalho da moça.
A questão aqui, na verdade, reside no fato de que estamos dentro de uma história (real) que segue e persegue o personagem de Lawrence por quase 100% de sua projeção. Ou seja, tudo gira em torno de Joy, com Lawrence precisando “segurar” todo o peso da dramaturgia ao lado de seus coadjuvantes.
Em que se pese a responsabilidade de “sustentar” um filme, a competência de Lawrence é inquestionável. É um personagem que qualquer atriz gostaria de encarar em função de suas nuances. Mas, daí a elevá-la aqui por uma excelência de atuação e não conceber nenhuma outra atriz sustentando com competência o mesmo personagem, aí já é uma limitação da indústria, ou estratégia do mercado (e da própria atriz, que é produtora do filme) para alavancar ainda mais a carreira de uma atriz competente sim, mas mediana.
Além da presença da câmera insistente e muita próxima de Lawrence, “Joy” parece não oferecer muitos desafios à atriz. O enredo parte da história de luta por Joy Mangano pelo invento que a deixou rica. Um esfregão de limpeza cujo usuário não preciso torcer para secá-lo. O filme constrói a heroína muito ao gosto dos EUA como a garota inteligente, oriunda de uma família de classe média baixa e disfuncional, cujo talento tinha todas as possibilidade para morrer, mas ela triunfa pelo fruto de sua insistência naquilo que acredita.
Filha de um mãe (Virginia Madsen) cuja vida resume-se a assistir telenovela em seu quarto, e de um pai (Robert DeNiro) que procura namoradas pela Internet (e encontra Isabella Rossellini), Joy é um mãe solteira cujo ex-companheiro é um acomodado venezuelano aspirante a cantor (Èdgar Ramiréz). A única voz da razão é a de sua avó (Diane Ladd), cujo conselhos lhe martelam a cabeça para ser a pessoa vencedora para o qual “ela nasceu para ser”.
Se há algo positivo ressaltado por “Joy” é a de que não há nada fácil para quem vem de baixo. A questão é a perspectiva dada aqui por Russell, sempre pautando as agruras de Joy com um certo humor ácido que parece não encaixar no sofrimento que imaginamos para a moça. Há ainda uma espécie de ornamentação dramatúrgica que empurra aquela dura realidade para baixo, tornando algo que se percebe árido, mas aqui processado para descer suave e doce, como um milk-shake bem ao gosto do Tio Sam.
FATO – A personagem que deu origem ao filme, Joy Mangano, é formado em administração de empresas e é a presidente da empresa “President of Ingenious Designs”. Joy já lançou mais de 100 invenções.
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