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Críticas

Reza a Lenda

Um looongo video-clipe no sertão

Por Luiz Joaquim | 21.01.2016 (quinta-feira)

Quando começou, ano passado, a circurlar pela Internet o trailer de divulgação de “Reza a Lenda” (Bra., 2016) – primeiro longa-metragem de Homero Olivetto (filho do publicitário Washington Olivetto) estreando hoje nos cinemas -, a produção ganhou rapidamente o apelido de “O Mad Max Brasileiro”. Nem vamos aqui comentar o tamanho da injustiça por essa comparação com a quadrilogia australiana de George Miller, e sim apenas detalhar algumas fragilidades dessa pseudo-apocalíptica obra rodada no Sertão em 2015, incluindo Petrolina.

A fragilidade 1 de “Reza a Lenda” está em seu leitmovit, aquilo que impulsiona os personagens a fazerem o que fazem, ou seja, matar e morrer primeiro pela imagem de uma Santa que supostamente fará chover no Sertão caso seja trazida de volta ao lugar certo; e, depois, sacrificar-se para levar uma prenda (a bela Luisa Arraes) a uma espécie de mago (Júlio Andrade) que supostamente tem poderes de saber como “agradar” o clima.

Tudo bem que não é preciso nada tão sofisticado para oferecer o tipo de emoção que “Reza a Lenda” quer oferecer (corre-corre, tiros, explosões e um pouco de romance) mas, a consistência entre o que os pesonagens precisam e o que eles são junto ao universo ao seu redor são fatores fundamental para o espactador acreditar neles e emocionar-se com eles. Caso contrário, o que sobra é uma distração inócua, e não bom cinema.

A fragilidade 2 do filme consiste num roteiro que desafia o raciocíno lógico (num mau sentido) do espectador. Situações que estimulam a pláteia a perguntar-se – “mas por que eles não fazem isso ou aquilo? Não seria mais simples?” – ajudam a empurrar a credibilidade do que se conta na tela ainda mais para baixo.

A fragilidade 3 está no filme confiar-se com muita força na dinâmica de sua montagem, combinada com a fotografia estilizada e os efeitos especiais de pós-produção. Estes efeitos, ora atendem bem, ora não à credibilidade. Já a opção da estética combinada entre edição e plástica surge sem uma personalidade própria. Soam mais como algo que já foi exaustivamente (e melhor) realizado por Hollywood.

A fragilidade 4 está no desequílibrio do elenco, que traz bons nomes. É que alguns simplesmente parecem mais à vontade no que lhes coube – o caso de Cauã Reymond e Jesuíta Barbosa – enquanto outros parecem ter caído de para-quedas naquele sertanejo cenário apocalíptico, distópico (Sophie Charlotte, Arraes, Andrade). Um ponto para Humberto Martins, que parece ser o que mais se diverte ali ao interpretar o malvadão da história. Ele também nos diverte.

ENREDO – Numa terra sem lei, Ara é o líder de um bando de motoqueiros armados que acredita em uma antiga lenda capaz de devolver justiça e liberdade ao povo da região. Quando realizam um roubo, acabam despertando a fúria do poderoso Tenório. O cruel Tenório decide então concentrar todas as suas forças em uma perseguição para destruir o bando de Ara e recuperar aquilo que acredita ser seu.

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