Cakoff em paz
Câmera clara 262
Por Luiz Joaquim | 26.05.2016 (quinta-feira)
Era 14h da sexta-feira quando recebemos a notícia da morte de Leon Cakoff, fundador e diretor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Fazia apenas cerca de uma hora de seu falecimento na capital paulista e toda a comunidade cinematográfica do País já lamentava e refletia sobre o legado deixado pelo jornalista e cinéfilo de primeira linha que era Cakoff. Para entender sua importância para a história do circuito de exibição no Brasil e para a cultura cinematográfica em geral, é imporante voltar aos primeiros anos da Mostra. Surgiu em 1977, em plena Ditadura Militar, para comemorar os 30 anos do Masp. Inicou com apenas 16 longas e sete curtas brasileiros e internacionais. Já ali, a Mostra abriu a votação para o público, o que gerou um artigo no carioca Jornal do Brasil que dizia: “A Mostra é o único lugar no Brasil onde se pode votar”. Sobre sua morte, Walter Salles disse: “a história da Mostra é o relato de uma batalha constante contra a censura, as leis arbitrárias, o descaso pela cultura. É, finalmente, uma luta pela criação e preservação de uma memória coletiva”. Desde a primeira edição, Leon travou uma luta contra a censura do regime militar, exibindo trazendo filmes até por meio de malas diplomáticas de embaixadas e consulados. Foi assim que o evento exibiu títulos inéditos vindos da China, Cuba, União Soviética, França e outros distantes países. Foi pela Mostra que Cakoff introduziu no Brasil autores hoje consagrados que de outra maneira não teriam por aqui chegado. É o caso de Manoel de Oliveira, o iraniano Abbas Kiarostami, e o israelense Amos Gitai. Outros diretores que passaram pela evento paulista foram Quentin Tarantino; Pedro Almodóvar; Dennis Hopper com “O Último Filme”; o alemão Wim Wenders, o iraniano Jafar Panahi; o sérvio Emir Kusturica e o finlandês Aki Kaurismaki, entre tantos outros. Cakoff, além de programador, abriu uma distribuidora de filmes em 2000, que nos últimos anos tornou-se a “Filmes da Mostra”, lançando títulos nos cinemas e em DVD. A Cakoff, a coluna deseja paz e agradece pelo tanto que ofereceu ao brasileiros.
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OLHAR DE CAMILO
No início de 2011, Camilo Cavalcante produziu para a TV a série Olhar. Nela, o realizador entrevistou vários cineastas pernambucanos, num registro inédito não só da velha geração (Fernando Spencer, Jomard Muniz de Britto), como a nova geração (Lírio Ferreira, Cláudio Assis, Paulo Caldas) e ainda a novíssima geração (Marcelo Pedroso, Marcelo Lordello). Camilo negociou a mostra com o Canal Brasil, e o resultado poderá ser visto em janeiro na TV paga.
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CRÍTICA
Hoje é dia de refletir sobra a crítica cinematográfica e a sua relação com os cineasta (e vice-versa). As Faculdades Integradas Barros Melo (AESO) promovem no auditório da Livraria Cultura (Bairro do Recife) a exibição do documentário “Crítico” e um debate com seu diretor Kleber Mendonça Filho. O encontro acontece até às 14h. Kleber vai debater com o público sua experiência como realizador e crítico de cinema.
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FESTIVAL DO VALE
A 5ª edição do Festival Nacional de Curtas-metragens do Vale do São Francisco já tem data. Acontecerá de 25 de novembro a 3 de dezembro. As inscrições estão abertas até a sexta-feira (21). O objetivo do evento é estmular o desenvolvimento e a produção audiovisual local, promovendo o intercâmbio com a produção nacional, além de fomentar o debate e a pesquisa sobre cinema com a participação de cineastas. Outras infos em (www.valecurtas.com.br)
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– Críticas, comentários, sugestões, escrever para cinemaescrito@gmail.com
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