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Críticas

X-Men: Apocalipse

Mais heróis contra heróis. Hollywood segue com sua pobreza dramática ao criar seus novos deuses em conflito.

Por Luiz Joaquim | 19.05.2016 (quinta-feira)

19-maio-2016 (quinta-feira)

LUIZ JOAQUIM

A julgar por X-Men: apocalipse (X-Men: apocalypse, EUA, 2016) – estreando hoje (19) – e pelos recentes Batman VS Superman: A origem da justiça eCapitão América: Guerra civil, pode-se dizer que está mal a atual geração de adolescentes que depende de Hollywood para se divertir no cinema com seus heróis favoritos.

Tais filmes distraem, é verdade. Mas um jogo de palavras-cruzadas também. Considerando que cinema não é apenas uma distração, o novo X-Men corria o risco de ser demitido, simplesmente por não cativar.

Considerando-se termos aqui um filme de super-heróis, cativar é o mínimo que se espera. No caso de X-Men: apocalipse, o oitavo filme da franquia – repetindo, oitavo -, aconteceu o inverso do que se vê no episódio anterior (X-Men: Dias de um futuro esquecido).

Enquanto que no filme de 2014 o trio da direção, roteiro e montagem formado por Bryan Singer, Simon Kimberg e John Ottman respectivamente (os mesmo de Apocalipse) conseguiu oferecer um plot que transcendia aspectos mais específicos do histórico dos heróis e, por conseguinte, atendia às expectativas não apenas dos fãs mas também dos não-fãs dos mutantes, no novo filme uma conexão com aquele que seria o primeiro mutante – En Sabah Nur (Oscar Isaac) que renasce após milhares de anos – e o confronto entre os então jovens X-Men que conhecemos (tudo acontece nos anos 1980), torna Apocalipse algo muito próximo de um clube fechado.

Atente para o “muito próximo”. Não é que o enredo não abra arestas para o leigo. É que, o que há de possivelmente atraente nele talvez funcione bem apenas aos iniciados.

Um outro fator que empurra Apocalipse para baixo está na ambientação preguiçosa que criou para os anos 1980. Algo bastante contrário ao que aconteceu com o bom Dias de um futuro esquecido, quando aproveitou bem a ambientação nos anos 1970 e fez a trama gerar uma boa mistura entreDe volta para o futuro e O exterminador do futuro.

Outro ponto que depõe contra o novo filme: os momentos de humor e curiosidades aqui aparecem basicamente pautados pelos então jovens heróis, ainda alunos do Prof. Xavier (James McAvoy), como Grey (Sophie Turner), Ciclope (Tye Sheridan) e Noturno (Kodi Smit-McPhee), além dos rebeldes Psylocke (Olivia Munn), Anjo (Ben Hardy) e Tempestade (Alexandra Shipp) também iniciando.

Ou seja, a graça de nos fazer ver os jovens heróis sofrendo bullying por serem os fracassados no high-school, e depois fazer eles se vingarem com seus super-poderes recém-descobertos são estratégias que Sam Raimi criou para a primeira grande produção de o Homem-aranha no cinema. Aquela com Tobey Maguire, lembra? Estamos falando de estratégias, para apresentar jovens heróis, que foram lançadas há 14 anos.

Ainda dentro dessa velha estratégia, não é de se estranhar que o único momento realmente cativante em Apocalipse é patrocinado por Mercúrio (Evan Peters), salvando os alunos de Xavier de um incêndio. Na sequência, vemos a supervelocidade de Mercúrio pela sua perspectiva, ou seja, tudo ao seu redor nos parece congelado de tão lento que é se relacionado aos movimentos do jovem herói. O efeito foi apresentado em Dias de um futuro… e já não era novo. A ideia original veio da animação Os sem-floresta, realizada há já uma década, em 2006, quando o esquilinho alucinado Hammy bebe um refrigerante e ninguém o segura.

No espírito 2016 para o super-heroísmo do cinema, que primeiro coloca heróis contra heróis e depois nos faz vê-los unirem-se com o real vilão,Apocalipse faz coro com Batman VS Superman: A origem da justiça eCapitão América: Guerra civil.

A traminha mostra o mutante número 1, En Sabah Nur, renascer e arregimentar nos 1980 Psylocke, Anjo, Tempestade e Magneto (Michael Fassbender) – este revoltado pela morte de sua família -, usando-os como os quatro cavaleiros do apocalipse para juntos arrasarem com a humanidade e começarem tudo do zero, desta vez sob a soberania de En Sabah.

Na briga, depois de muitas caretas feitas por aqueles que lutam com poderes psíquicos, e depois de muitos raios que saem dos olhos, do peito e das mãos dos mutantes elétricos, com quase todos voando, fica a impressão de que nada ali realmente teve importância. Ou ao menos, a importância não foi transferida ao espectador. Mesmo ele tendo se submetido aos 144 minutos de duração de X-Men: Apocalipse.

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