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Festivais

11º Fest. Latino-SP (2016) – circuito exibidor

Como fazer circular o cinema latino-americano em nossas salas?

Por Luiz Joaquim | 24.07.2016 (domingo)

SAO PAULO (SP) – Na tarde de ontem (sábado, 22/07), dentro do ciclo de seminários do 11o Festival de Cinema Latino-americano de SP, Alfredo Manevy,  diretor-presidente do circuito SPCine –iniciativa do município de São Paulo que na sexta-feira (22/07) inaugurou a 18a sala de um circuito de cinemas na periferia paulistana – abriu o seminário sobre ‘O espaço para o cinema alternativo na América-latina’.

Manevy fez uma memória das conquistas do SPcine nos 19 meses de ações completos agora neste julho.  Sua rede promove sessões nas quartas, quintas-feiras e domingos (os aparelhos funcionam como multiuso para as comunidades), com 3 sessões diárias, o que soma 180 semanais, atraindo cerca de 10 mil espectadores por semana.

O projeto, quando pensado, ‘orçamentou’ o valor entre 7 e 8 milhões (valor para produzir dois ou três longas-metragens médios). “Foi fundamental, porém, que tivéssemos estruturas já prontas, fazendo apenas uma reforma e adequação técnica no mesmo padrão das salas comerciais”, disse.

Hoje, o circuito SPcine exibe prioritariamente filmes nacionais – em cartaz Mãe só há uma e Mais forte que o mundo: A história de José Aldo, mas não está fechado para o estrangeiro. Num programa infantil, exibe a animação O pequeno príncipe. E como plano de integrar o cinema latino-americano, prevê a assinatura de um convênio com a Cineteca Nacional do México.

Adhemar Oliveira, diretor de programação do Espaço Itaú de Cinema, disse, com seus mais de 30 anos de experiência, que é preciso abrir a cabeça para outras produções latinas que não têm a visibilidade mundial alcançadas pelos festivais, “porque o que está nos festivais é apenas um recorte dado pela cabeça dos curadores destes festivais. Não temos que simplesmente espelhar o que festivais mostram”, pontuou.

Como exemplo, Adhemar lembrou que lançou ano passado um filme indiano – Awake: A vida de Yogonanda -, que registrou 50 mil espectadores no Brasil. “A produtora do filme ficou boba pois fizemos no Brasil a sua maior bilheteria estrangeira, sendo Salvador o mercado local que mais consumiu o filme”, contou.

Adhemar sugere também que seja reduzido o registro na Ancine para filmes latinos “Hoje tanto faz se o filme é francês ou argentino, paga-se R$ 7 mil pelo registro. Os latino-americanos deveriam sair pelo mesmo preço do registro de uma obra brasileira”.

Para o diretor-geral da Cineteca Nacional do México, Alejandro Pelayo, que também contextualizou a trajetória de sucesso da instituição que dirige, o intercâmbio entre países é necessário para ajudar na formação do público para a cinematografia latinoamericana.

11º Festival de Cinema Latino Americano de SP 2016 - O Espaço para o Cinema Alternativo na América Latina - Alejandro Pelayo- Data: 23/07/2016 - Foto: Mario Miranda Filho/Agência Foto

Alejandro Pelayo em foto de Mario Miranda Filho/Agência Foto

A Cineteca é uma referencia mundial na formação. Com um complexo de dez salas de cinema, dedica cada uma delas para temas distintos – cinema latino, documentário, estreias, retrospectivas, mostras, etc. -, estando uma delas hoje dedicada ao cinema brasileiro.

Pelayo deu dados impressionantes, como o que suas dez salas atraiu 1,2 milhão de espectadores no ano de 2015, com ingressos 40% mais barato que o preço dos multiplex privados.

Lembrou também que clássicos sempre serão revistos se bem projetados numa sala de cinema. “As pessoas não vão apenas ver um filme. Vão interagir. E se você passar, por exemplo, Laranja mecânica, ele será visto, não importa se está streaming na internet, ou em blu-ray. Programamos O sétimo selo recentemente e atraímos 6 mil espectadores numa sala de 800 lugares”.

Nos últimos três anos, a Cineteca exibiu cerca de 20 filmes brasileiros. “E esse trabalho de formação de público vem funcionando. Com O sal da terra, de Wim Wenders sobre Sebastião Salgado, foram 30 mil ingressos, com o filme exibindo em apenas uma sala, concluiu.

*Viagem a convite do festival.

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