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Festivais

49º Brasília (2016) – abertura

A nova personalidade do mais tradicional festival de cinema do Brasil

Por Luiz Joaquim | 20.09.2016 (terça-feira)

Após 48 edições – nasceu em 1965 por iniciativa de Paulo Emílio Salles Gomes –, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro inicia uma nova fase.

A partir de hoje, às 20h no Cine Brasília, quando o curta-metragem Improvável encontro (2016), de Lauro Escorel e o longa documental Cinema novo (foto acima), de Eryck Rocha (premiado no 69º Cannes com o “Olho de Ouro”) derem partida à programação, conheceremos uma 49ª edição extensa e mais ampla que as anteriores.

 

E não falamos apenas em termos numéricos de filmes em competição (agora são nove) e das exibições paralelas (outros 17 longas), mas também no que diz respeito ao diálogo com o contexto sócio-político e cinematográfico contemporâneo do País.

A isto se deve o convite feito ao crítico, realizador e curador Eduardo Valente para assumir a idealização intelectual do Festival. Como fundador da mostra Semana dos Realizadores no Rio de Janeiro (2009), além do trabalho junto a Universo Produção em mostras mineiras, Valente foi assessor internacional da Ancine por cinco anos, e será o delegado brasileiro no Festival de Berlim, o que o credencia como um dos nomes mais consistentes em apontar com fundamento possíveis novos rumos do cinema nacional. E esse sempre foi o gás que inflou o Festival de Brasília em suas cinco décadas. É dele que se precisa para o evento continuar forte.

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Eduardo Valente, em primeira plano, em foto de Jackson Romanelli (divulgação), Tiradentes, 2016

Em sua primeira seleção competitiva (incluindo aí 12 curtas-metragens, além dos longas), Valente e a equipe que lhe auxiliou garantiram um equilíbrio regional trazendo para o principal foco do evento produções de Minas Gerais (5 filmes), São Paulo e Rio de Janeiro (4); Pernambuco (2, além de Baile perfumado, que encerra o festival, quando será homenageado com exibição dia 27/09); Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Maranhão e Bahia (com uma produção, cada um), além de coproduções com Portugal e Costa Rica.

Os dois longas pernambucanos listados são Câmara de espelhos, de Déa Ferraz – que exibe às 17h de amanhã (21/09) em sessão especial -, e Martírio, de Vincent Carelli, em competição, às 21h na quinta-feira (22/09).

Carelli disputa o troféu Candango e os prêmios que totalizam R$ 340 mil com os mineiros A cidade onde envelheço (sexta, 23/09), de Marília Rocha, e Elon não acredita na morte (sáb., 24/09), de Ricardo Alves Jr.; o amazonense Antes o tempo não acabava (sáb., 24/09), de Sérgio Andrade e Fábio Baldo; o carioca Deserto (seg., 26/09), de Guilherme Weber; o brasiliense Malícia (dom., 25/09), de Jimi Figueiredo; o cearense O último trago (sex., 23/09), de Luiz e Ricardo Pretti e Pedro Diogenes; o gaúcho Rifle (amanhã, 21/09), de Davi Pretto; e o carioca/costariquenho Vinte anos (dom., 25/09), de Alice Andrade.

Já Déa Ferraz terá seu longa exibindo em comunhão com Precisamos falar de assédio (às 19h de amanhã, 21/09), dirigido pela paulista Paula Sacchetta; além de Estive em Lisboa e lembrei de você (sab., 24/09), uma co-produção com Portugal, de José Barahona. São títulos afiados e atentos para as relações conflituosas entre homens e mulheres, com suas implicações na sociedade.

Há ainda a primeira exibição no Brasil, após estrear em agosto no Festival de Locarno, de Beduino (seg., 26/09), o novo Júlio Bressane; além de outro título especial imperdível: A destruição de Bernardet (qui., 22/09), de Cláudia Priscilla e Pedro Marques.

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Imagem de “Beduino”, de Júlio Bressane

Dois novos programas também prometem agitar o festival em função de seu teor de provocação política e estética. A política no mundo e o mundo na política (5 longas), com documentários e ficções que registram bastidores ou personagens da política e os efeito definidos por instituições; e Cinema agora! (5 longas), com títulos independentes e desafiadores no quesito estético.

Há ainda a Mostra Brasília (com títulos locais), debates, seminários, lançamento de livros, palestras – incluindo uma sobre direção com Kleber Mendonça Filho (seg., 24/09) –, e a criação da Medalha Paula Emílio Salles Gomes, dedicada a personalidades no ensino, crítica e difusão do cinema – este ano recebe Jean-Claude Bernardet na noite de encerramento.

Promete, portanto, ser memorável esta nova edição. Acompanhe a cobertura completa do 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro diariamente pelo CinemaEscrito.com

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