Jack Reacher: Sem Retorno
Tem Tom Cruise. Tem mulher bonita. Tem explosão. Tem roteiro esburacado.
Por Luiz Joaquim | 24.11.2016 (quinta-feira)
Hmmm… mas que falta faz um bom roteirista. Se o leitor duvida, aqui está um bom desafio. Contraponha este novo Jakie Reacher: sem retorno (Jack Reacher: never go back, EUA, 2016) – estreando hoje (23/11) – contra o anterior Jack Reacher: O último tiro (2012).
Enquanto o filme que abriu a franquia bancada e estrelada por Tom Cruise há quatro anos trazia a adaptação do livro de Lee Child para um cuidadoso roteiro assinado por Christopher McQuarrie (ali também como diretor), a sequência, Sem retorno, trazem três canastrões da escrita em Hollywood. A saber: Marshall Herskovitz com Richard Wenk e Edward Zwick (aqui dirigindo também).
O roteiro de Sem retorno não chega a ser confuso na tentativa de resumir o imbricado enredo criado por Child nessa aventura do ex-major Reacher (Cruise). Ele é apenas descuidado.
Acompanhar o desenrolar da trama de Reacher neste filme 2 é como caminhar pelas calçadas do Recife, onde você poderá torcer o pé de tanto buraco que encontrará.
O mote da ação é simples – apesar do esforço em mostrar-se elaborado: o ex-militar Reacher, tido como uma lenda na divisão da Polícia Militar de Virgínia (EUA), retorna ao estado norte-americano para um jantar com a Major Turner (Cobie Smulders).
Acontece que ao chegar lá, descobre que Turner foi presa, acusada de traição, por ter vazado informações ao Oriente Médio a respeito da venda de armas fabricadas por uma empresa privada dos EUA. Reacher, rapidamente (e o ‘rapidamente’ define muito sobre os buracos neste roteiro) descobre que Turner está sendo injustamente acusada.
Ao mesmo tempo, lhe chega a informação de que ele deve pensão alimentícia a uma possível filha, Samantha (Danika Yarosh), já com 15 anos de idade, que Reacher nem sabia existir.
Uma vez que o herói resgata Turner da prisão para ambos provarem sua inocência, a Polícia Militar contrata um mercenário (Patrick Heusinger) para matá-los, o que une Reacher, Tuner e Samantha numa fuga durante todo o filme.
Com perseguição de carros, tiroteio, explosões, e perseguição sobre telhados de velhas casas durante o carnaval em New Orleans, Sem retorno cada vez mais se aprofunda numa ideia de clichê do gênero. Com o detalhe aqui que temos Cruise numa épica performance de canastrice. Provas? Atenção para a sua risível atuação (atuação?) na final e melodramática sequência do filme.
Mais um ponto (que perdeu o ponto) no filme. Vale observar a estrutura criada pelo roteiro para a personagem de Turner soar mais engajada – em questões sobre o gênero feminino – do que realmente seria necessário.
A certa altura, há uma descabida discussão de relação entre o casal de heróis para decidir quem irá cuidar de Samantha enquanto o outro se ausenta. Discussão que torna a personagem de Turner menos forte do que ela já vinha se mostrando até então. No caso, a tentativa explícita aqui de enaltecer questões femininas ao mostrar a insurgência de Turner acaba empurrando-a para baixo. É o velho “tiro que saiu pela culatra”. Bola fora, Mr. Cruise.
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