19a Expectat./ Retrospect. (2016) – os destaques
46 filmes, 38 longas, 25 inéditos no Recife, incluindo o novo dos Dardenne, de Xavier Dolan e Bellocchio.
Por Luiz Joaquim | 01.12.2016 (quinta-feira)
Pelo 19o ano consecutivo, o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, por meio da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte, presenteia o final de ano do Recife com uma mostra de filmes que dedica um olhar agudo sobre as produções mais intrigantes e comentadas do ano corrente e algumas que ainda Irão acontecer no ano posterior.
Neste 2016 a 19o mostra EXPECTATIVA / RETROSPECTIVA oferece 46 filmes (38 longas-metragens e 08 curtas) espalhados em 43 sessões alem de 04 debates ao longo de 11 dias (08 a 18 de dezembro) no Cinema da Fundação da unidade Casa Forte (Av. 17 de agosto, 2187).
Abertura
Já na abertura da 19a mostra, 08 de dezembro, o Cinema da Fundação dedica um dia a filmes e questões relacionadas à mulher na sociedade.
Elas são retratadas tanto pelo cinema ficcional (o turco Cinco graças, de Deniz Ganze Erguven, às 13h45, e Mamma Roma, às 17h10, o segundo filme feito por Píer Paolo Pasolini em 1962, com a magnífica Ana Magnani); quanto com elas representadas em documentários que problematizam o machismo (Câmara de espelhos, de Déa Ferraz, às 15h35) e o assédio sexual (Precisamos falar do assédio, de Ana Paula Sacchetta, às 19h15)
O dia encerra com um debate com entrada franca (sujeita à lotação da sala) a partir das 20h30 com a jornalista e pesquisadora Carol Almeida, a realizadora Déa Ferraz, sendo mediado pela Coordenadora da Massangana Multimídia da Fundaj, Cynthia Falcão.
Ainda transpassando por essa problemática, a 19a mostra ainda exibe Mercuriales (16/12 às 18h), de Virgil Vernier, da Moldávia; o espanhol Academia das musas (17/12, às 14h30), de José Luís Guerin; e O que está por vir (17/12, às 21h20), filme estrelado por Isabelle Huppert, que deu em 2016 o prêmio de melhor direção em Cannes a parisiense Mia Hansen-Love.
Clássicos
Além de Mamma Roma, a 19a mostra apresenta outros três incontestáveis clássicos na história do cinema. A partir da linha Clássica da distribuidora Zeta Filmes, trazemos ao Recife Blow Up, um filme-símbolo – que em 2016 completa 50 anos – do italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007), vencedor da Palma de Ouro em Cannes e indicado ao Oscar em 1967.
Com a distribuidora FJ Cines, a 19a mostra exibe (sáb., 10/12, às 16h40) também Fitzcarraldo (1982). Épico rodado entre o Peru e o Brasil sob a direção do alemão Werner Herzog, consagrada no festival de Cannes.
Com a Fênix Filmes, trazemos o primeiro longa-metragem de Marco Bellocchio – De punhos cerrados, 1965 (dia 11/12, às 16h15) – que é considerado o mais importante cineasta italiano em atividade.
Marco Bellocchio e o cinema político
Neste 2016 o cinema de Marco Bellocchio foi homenageado na Quinzena dos Realizadores em Cannes e também pela 40a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, quando veio a capital paulista em outubro último. Seu mais recente filme, Belos sonhos, abriu os dois eventos e foi escolhido para encerrar a 19a mostra EXPECTATIVA / RETROSPECTIVA da Fundaj (18/11, às 19h).
Alem de exibir o mais recente e o primeiro filme do italiano, a 19a mostra traz também seu belo e intrigante Sangue do meu sangue (11/12, às 18h20), lançado em 2015 quando saiu vencedor com o prêmio da critica no Festival de Veneza
Dono de uma cinematografia polêmica e desafiadora do poder, Bellocchio contestou a política italiana e mundial sem produzir necessariamente um cinema xiíta, sempre privilegiando o que há de humano, seja nas figuras frágeis ou fortes que cria para suas histórias.
Produzir reflexão através do mundo retratado pelo diretor em seu cinema, sempre marcado por transformações, com os jovens questionando o conceito de justiça, se faz urgente no especialmente conturbado ano de 2016.
Inéditos
Durante seus 11 dias, a 19a mostra EXPECTATIVA / RETROSPECTIVA apresenta 26 filmes inéditos no Recife, e alguns ainda com estreias apontadas apenas para 2017 como A garota desconhecida (18/11, às 16h50) dos irmãos belgas Dardenne, indicado à Palma de Ouro em Cannes 2016.
Ainda da seleção de Cannes 2016, temos o polêmico e premiado com o Grande Prêmio do Júri, É apenas o fim do mundo (10/12, às 21h20), do prodígio canadense Xavier Dolan.
Veremos também o romeno Sieranevada, do celebrado diretor Cristi Puiu (de A morte do Sr. Lazarescu, 2005); Depois da tempestade (10/12, às 19h20), do japonês Hirokazu Koreeda; o francês O ignorante (11/12, às 14h), filme do veterano Paul Vecchiali que concorreu a Palma Queer de Cannes, sendo estrelado por Catherine Deneuve e Mathieu Amalric;
Vale também destaque para o violento japonês Creepy (09/12, às 21h), de Kiyroshi Kurosawa; o assustador sulcoreano O lamento (17/12, às 18h25), de Na-Hong-jin.
Pernambuco
2016 foi particularmente interessante para a produção realizada em Pernambuco. E 2017 está chegando prometendo ser ainda mais promissor. A 19o mostra EXPECTATIVA / RETROSPECTIVA aproveita e apresenta pela primeira vez na cidade o novo longa-metragem de Sérgio Oliveira – Super orquestra arcoverdensede Ritmos Americanos (14/12, às 19h40) – sessão que será seguido por um debate com seu diretor. O filme foi premiado no último Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, em setembro.
Outro destaque é o épico, premiado no 49o Festiva de Brasília e no 31o Festival de Mar del Plata, Martírio (13/12, às 19h20), de Vincent Carelli. Vale também registro a sessão do primeiro longa-metragem de Tião, o alegórico Animal político (16/12, às 16h25), protagonizado por uma vaca.
Já a RETROSPECTIVA dá a chance de ver numa sala de cinema duas das obras pernambucanas mais celebradas no mundo: Aquarius (12/12, às 13h30), de Kleber Mendonça Filho (eleito o 4o melhor filmes de 2016 pela revista Variety); e Boi neon (15/12, às 14h20).
A 19a mostra também dá sua tradicional piscadela para alguns curtas-metragens locais importantes (de uma produção cada vez mais crescente) que nasceram neste ano. Alguns deles são a primeira (e promissora) realização desses diretores, como: Porteiro do dia, de Fábio Leal; Domingos, do coletivo ‘Toca o Terror’, dirigido por Jota Bosco; Quarto para alugar, da dupla Enock Carvalho e Matheus Farias; Iluminadas, de Gabi Saegesser; e O delírio é a redenção dos aflitos, de Fellipe Fernandes.
Exibem também Fotograma, de Caio Zatti e Luís Henrique Leal; Represa, de Milena Times; e Black out, de direção coletiva, com Felipe Peres Calheiros a frente do projeto. A projeção dos curtas está dividida em duas sessões: Curtas PE 1 (14/12, às 18h10) e Curtas PE 2 (15/12, às 18h30).
O ingresso para cada uma dessas sessões de curtas é especial,
com valor único R$ 3.
Brasil
Duas obras de estreantes brasileiros em longa-metragem chegam nessa 19a mostra. Uma é a produção da O2 Filmes, Travessia (12/12, às 18h20), filme – sem data de estreia em 2017 – de João Gabriel que se passa em Salvador com Chico Diaz, Caio Castro e Camilla Camargo no elenco; e Canção da volta (11/12, às 20h25; e 14/12, às 14h30), de Gustavo Rosa de Moura, com João Miguel, Marina Person e Marat Descartes no elenco.
Destaque também para a co-produção Portugal-Brasil (Minas Gerais) Estive em Lisboa e lembrei de você (13/12, às 18h35), de José Barahona; e Lua em sagitário (15/12, às 16h30), de Márcia Paraíso, contando uma história que se passa na fronteira entre o Brasil e a Argentina. Aqui, vemos Elke Maravilha em sua última participação no cinema.
Ópera no Cinema da Fundação
Durante esta 19a mostra EXPECTATIVA / RETROSPECTIVA o Cinema da Fundação dá partida a uma parceria com a distribuidora carioca Bonfim (mesma responsável pelo Festiva Varilux do Cinema Francês) para projetar, quinzenalmente, 6 óperas ao longo dos próximos meses, até março de 2017.
Abrindo o programa, Gianni Schicchi (18/12, às 13h30), obra criada em 1918 por Giacomo Puccini, e aqui adaptada por ninguém menos que Woody Allen, com a condução do maestro Grant Gershon para a Orquestra e Coro de Ópera de Los Angeles.
O preço do ingresso para a sessão de Gianni Schicchi é especial,
com valor R$ 16 e R$ 8 (meia).
Palestra, debates
Além do debate na abertura da 19a mostra com Déa Ferraz e Carol Almeida, e da conversa com o cineasta Sérgio Oliveira, a Fundação Joaquim Nabuco traz ao Recife o jornalista, critico, curador, pesquisador, professor e escritor paulista Sérgio Rizzo para a palestra Audiovisual e redes no século 21: uma perspectiva educacional (12/12, das 16h às 18h).
O convidado irá focar na centralidade das linguagens no audiovisual e as novas tecnologias em nossa sociedade da imagem e do consumo e de que forma podemos desenvolver um pensamento mais critico e reflexivo acerca dessa profusão imagética para compor novos processos de aprendizagem.
O acesso à palestra de Sérgio Rizzo é gratuito, obedecendo a limitação das 166 poltronas do Cinema da Fundação.
Sessão Abraccine
Dando sequência à primeira ‘Sessão Abraccine’, ocorrida no 9o Janela de Cinema, em novembro, a Fundaj, pela 19a mostra EXPECTATIVA / RETROSPECTIVA, promove a segunda sessão vinculada à Associação Brasileira de Críticos de Cinema com o filme Cinema novo, documentário de Eryk Rocha premiado em Cannes 2016 com o troféu Olho de ouro. A sessão do filme (09/12, às14h), será seguida por comentários do Prof. Dr. Paulo Cunha/ UFPE.
Números
46 filmes
43 sessões
38 longas-metragens (25 inéditos no Recife / 13 reprises)
08 curtas-metragens
04 debates
17 países representados
11 dias
01 sala
17 países : Turquia, Brasil, Itália, Espanha, Alemanha, Peru, Espanha, Estados Unidos, Japão, França, Bélgica, Canadá, Portugal, Coréia do Sul, Romênia, Moldávia. Lituânia.
Serviço
Veja aqui programação completa da 19a mostra EXPECTATIVA / RETROSPECTIVA
08 a 18 de dezembro de 2016
Cinema da Fundação Joaquim Nabuco – Casa Forte
(Av. 17 de agosto, 2187, Casa Forte, Recife)
Fone 81 3073 6420
Ingressos
Valor padrão (todos os dias):
Inteira: R$ 14
Meia: R$ 7
Sessão ‘Curta PE 1’ e ‘Curta PE 2’:
Preço único por sessão: R$ 3
Sessão Ópera – ‘Gianni Schicchi’
Inteira: R$ 16
Meia: R$ 8
Venda de ingressos antecipados a partir do dia 07/12, diariamente entre 13h30 e 17h30 no hall do Cinema da Fundação (Casa Forte).
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