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Críticas

Passageiros

Obra arrasta-se em romance cansado com dois náufragos espaciais, aprisionados em sua ilha intergaláctica

Por Luiz Joaquim | 05.01.2017 (quinta-feira)

Seria cômico se não fosse irritante a fórmula, ou receita, viciada pela qual Hollywood insiste em tentar emplacar alguns projetos. Sua mais nova receita de bolo – cujo resultado ‘solou’ – chama-se Passageiros (Passengers, EUA, 2015), de Morten Tyldom e estrelado pela queridinha da América, Jennifer Lawrence, além de Chris Pratt (Jurassic world: O mundo dos dinossauros), Laurence FIshburne (Matrix; O selvagem da motocicleta) e Michael Sheen (Frost/Nixon).

A premissa aqui é bem interessante. É o futuro e numa viagem para outro planeta – uma colônia da Terra no espaço -, uma espaçonave transporta 5.259 passageiros que hibernam cada um em sua câmara particular.

Acontece de a nave atingir, ainda no prólogo do filme, um asteroide gigante afetando seu sistema automático. Daí uma capsula de hibernação, a de Jim (Pratt), o despertar 90 anos antes do ajuste original. Significa que dos 120 anos programados para ficar desacordado (e chegar no destino), ele repousou apenas 30 e terá de esperar o tempo restante, sozinho na nave, até chegar ao lugar previsto.

Acompanhando por apenas um robô-barman (Sheen, que fim, para esse ator), o mecânico Jim alimenta um dilema, acordar ou não acordar uma mulher para lhe fazer companhia. A escolhida é a escritora nova-iorquina Aurora (Lawrence, limitada).

Não precisa pensar muita para imaginar qual a sua decisão. Após ocorrido, Passageiros arrasta-se num romance cansado, em seus clichês, entre os dois náufragos espaciais, aprisionados em sua ilha intergaláctica, para depois criar a ruptura do amor perfeito em harmonia com a cartilha hollywoodiana e, daí, em seguida, retomá-lo com a iminência da morte determinando a decisão. É quase uma equação drama-matemática.

 

Efeitos especiais medianos – exceto pela cena da piscina com Lawrence, que impressiona -, diálogos medíocres (desculpem, não encontro outro termo) fazem desse filme algo menos que trivial e descartável.

Associação com a origem da humanidade, sua perpetuação, solidão ou necessidade de interação com um outro vão embora pelo ralo, em meio a água insípida e inodora que são romances assim fabricados por Hollywood. Chato.

Quanto à queridinha Lawrence, conforme este Passageiros, a impressão é que se a atriz continuar apostando nestas banalidades capengas, sua carreira encerra em menos de dez anos. Ou firma-se nisso até a morte.

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