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Festivais

12. CineOP (2017) – abertura

Mostra que olha e cuida do passado para refletir o presente.

Por Luiz Joaquim | 21.06.2017 (quarta-feira)

12 anos. Já. Mas parece que foi ontem que surgia a Mostra de Cinema de Ouro Preto, ou apenas CineOP para os íntimos, que olhava com carinho e profissionalismo para aquele que é o patinho feio entre os temas do cinema nacional: a preservação.

11 edições depois, a mostra segue forte e madura. E na programação deste ano, que inicia amanhã (22) e segue até segunda-feira (26), nada mais coerente do que abrir a noite homenageando Antônio Leão da Silva Neto, colecionador e pesquisador que é autor de compêndios fundamentais para quem estuda o cinema brasileiro. Seus livros – como os Dicionários de filmes brasileiros para longas e curtas-metragens – formam bibliografia obrigatória para quem quer precisão nas informações.

Dentro das homenagens, o 12o CineOP também foca o projeto Vídeo nas aldeias, completando 30 anos de trajetória; além da carreira da montadora Cristina Amaral, profissional fundamental na carreira de mestres como Carlos Reichenbach, Andrea Tonacci e Carlos Adriano.

Ainda na noite de abertura, às 20h30 no clássico auditório do Cine Vila Rica, Betse de Paula apresenta seu novo longa-metragem Desarquivando Alice Gonzaga (foto divulgação, acima), documentário que abre as portas dos arquivos da Cinédia, empreendimento seminal no nosso cinema, iniciado pela pai de Alice, Adhemar Gonzaga, nos anos 1930.

O homenageado Antônio Leão, em foto de Laura del Rey

Temática – A partir da pergunta Quem conta a história? Olhares e identidades do cinema brasilero, o 12o CineOP desdobrou sua programação – com curadoria de Francis Vogner dos Reis e Lila Foster – sobre produções recentes que olham para grupos sociais historicamente marginalizados, passando obrigatoriamente por questões de gênero classe social e etnia.

No campo da preservação, a temática será as Emergências digitais, estimulando debate sobre alternativas técnicas para a preservação no campo da tecnologia digital para o audiovisual. O terceiro assunto em debate neste CineOP, no campo da educação atenta para o tema Emergências ameríndias, e vai apresentar diversas obras realizadas por comunidades indígenas. A curadoria aqui é de Adriana Fresquet e Isaac Pipano com acadêmicos da Rede Kino.

Históricos – As maiores estrelas do CineOP, entretanto, são obras realizadas há décadas, das quais, algumas chegam em versão restaurada. A Mostra Histórica deste ano apresenta, por exemplo Um é pouco, dois é bom (1970), filme gaúcho daquele que foi o primeiro negro a assinar a direção de um longa-metragem no Brasil. No filme, dividido em duas histórias, a trajetória de um motorista de ônibus ao lado de sua esposa grávida, e a vida errante de dois assaltantes de bolsa de mulher pelas ruas de Porto Alegre.

Já a Mostra Restauração, além do clássico cubano Memórias do subdesenvolvimento (1968), de Tomáz Gutiérrez Alea, apresenta o raro e cômico É um caso de polícia! (1959), de Carla Civelli, pela qual uma jovem (Glauce Rocha), apaixonada por histórias policiais, escuta num restaurante um plano para um assassinato e passa a investiga-los. Ainda no elenco Sebastião Vasconcellos, Cláudio Corrêa e Castro e Renato Consorte.

Pernambuco – Além da homenagem ao Vídeo nas aldeias, a produção pernambucana aparece dentro da Mostra Restauração deste 12o CineOP com o curta Vendo/Ouvindo (1972). É o primeiro filme do animador Lula Gonzaga (co-assinado com Fernando Spencer, 1927-2014), que infelizmente não confirmou presença na mostra.

Acompanha cobertura completa do CinemaEscrito.com sobre o 12º CineOP diariamente a partir desta sexta-feira (23).

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