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Críticas

Transformers 5: O último cavaleiro

É como se este novo volume da franquia fosse um produto feito por máquinas para máquinas. Onde entramos?

Por Luiz Joaquim | 18.07.2017 (terça-feira)

É como se nada mais importasse. Como se o cinema não significasse algo, ou ainda pudesse significar algo. É como se de um lado, em Hollywood, houvesse produtores e roteiristas absolutamente desligados do mundo dos vivos e, do outro, os consumidores de pipoca que se deixam absorver por imagens epilépticas acompanhadas por estrondos megalomaníacos. É este o ambiente para aquele que, provavelmente, é o pior produto criado nesta década pelo Bosque de Azevinhos, ali na Califórnia. Falamos de Transformers: O último cavaleiro (Transformers: The last knight, EUA, 2017), que Michael Bay cometeu e suja o circuito exibidor brasileiro a partir desta quinta-feira (20).

Pensando bem, nem os consumidores de pipoca deverão imergir nessa demente história que em alguns momentos tenta fazer graça de si própria e, inclusive nisso, falha.

Neste filme cinco da franquia, que é talvez o lixo mais caro (custou US$ 260 milhões) que tenhamos conhecimento, o que há de mais desafiador ao público é tentar juntar, durante seus infinitos 149 minutos, os retalhos que o roteiro escrito a seis mãos – Art Marcum, Matt Holloway e Ken Nolan – se esforçaram para elaborar.

Em linhas gerais nem é tão difícil de resumir: Optimus Prime (o Autobot, da turma dos bonzinho) vaga pelo espaço até chegar ao seu planeta, onde encontra Quintessa, aquela que se diz a criadora dos Transformers. É um planeta em decrepitude que segue rumo a Terra para, logicamente, sugar sua energia e reestabelecer-se. E Quintessa recruta Optimus Prime para acabar com o planetinha azul.

Enquanto isso, nossa referência humana no filme desde o volume quatro da franquia, Cade (Mark Wahlberg), vive num ferro velho onde protege os Autobots, vistos hoje pelo governo como ameaças tais quais são os Decepticons (os habituais robôs vilões). Junta-se a ele um ex-presidiario afro-americano (Jerrod Carmichael), como uma espécie de bobo da corte, e uma adolescente latina, Izabella (Isabela Yolana Moner, descendente de peruanos), que basicamente substitui o lugar da filha de Cade (Nicola Peltz, atriz que pulou fora da franquia e foi parar na série Motel Bates).

A cota só fecha quando Cade vai à Inglaterra invocado por sir Edmund (Anthony Hopkins sendo Anthony Hopkins) e lá encontra seu par romântico, a gata e doutora em idiomas e história, Vivien (Laura Haddcock, de Guardião das Galáxias 2). Ambos são convocados por Edmund para encontrar a espada de Merlin. Sim, Merlin (Stanley Tucci), o mago da Távola Redonda. Com ela, eles salvam o mundo.

O último cavaleiro nos explica, já em sua sequencia de abertura, que foi por conta dos autômatos alienígenas, há 1.700 anos, que Lancelot venceu sua principal batalha. E não para por aí, descobrimos ainda que a derrota de Hitler na 2ª Guerra também teve o dedo dos robôs gigantes.

 

Mas nada dessa história infanto-drogada seria danosa se ela nos chegasse de maneira estruturada.

O último cavaleiro simplesmente despeja informações, umas sobre as outras, de maneira desordenadas, em ritmo inumano, acumulando dados que parecem não fazer sentido até que ressurjam mais adiante implorando por um sentido. Um exemplo: a patética participação de John Turturro (fazendo uma caricatura de John Turturro) como um agente em Cuba (sim, Cuba. Hollywood começa a abraçar oficialmente um novo mercado).

Talvez como em nenhum outro filme da franquia, aqui é extremamente difícil filiar simpatia aos Autobots. Optimus Prime é por boa parte do tempo um vilão, e Bee funciona como um coadjuvante silencioso. Mas essa não é a principal razão da antipatia. Ela está no todo. No enredo estúpido, na montagem veloz e enfadonha (por apresentar a tudo como desimportante), e está no exagero de códigos cifrado das informações “científicas” que afastam qualquer leigo do assunto.

É como se O último cavaleiro fosse um produto feito por máquinas para máquinas. Onde entramos nessa conta?

Aquele primeiro filme, lançado há dez anos, com Shia LaBeouf, guardava algo de próximo. Afinal tudo acontecia a partir do adolescente que ganha o carro do pai, comprado num ferro velho, enquanto se esforça para conquista a menina com que sonha até descobrir que o que tem em sua garagem é um robô gigante.

Pena que Transformers virou um atrofiado sucesso mercadológico, e hoje é uma deformação do que conhecemos como filme.

Em tempo – Aos que gostam de sofrer, aguardem, Bumblebee (ou Transformers 6) chega aos cinemas em 2018. e Transformers 7 estreia em 2019.

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