A equipe de Paterno, o terceiro longa-metragem de Marcelo Lordello, é praticamente a mesma de Eles Voltam (2012), e ontem (15) seus integrantes se alternavam no sobe e desce pelo pequeno elevador-guincho do edifício em construção, de 38 andares, no bairro de Boa Viagem (zona sul do Recife) para chegar no último pavimento onde à tarde estava sendo gravado o oitavo dia da produção que começa a ganhar concretude.

Paterno é o terceiro capítulo de uma tetralogia idealizada pelo diretor tendo como tema crises de idade. No primeiro, Eles Voltam, o foco está na fase da adolescência, quando Cris (Maria Luiza Tavares) é deixada pelos pais na estrada e tenta voltar sozinha para casa.

Na nova produção, Sérgio (Marco Ricca), o arquiteto da construtora familiar Bitencourt Ramos, enfrenta uma crise de meia-idade com o pai no leito de morte e começa a questionar as escolhas que fez para a sua vida.

Lordello esclarece que a influência para a relação entre os filmes vem de François Truffaut e a saga do personagem Antonie Doniel.  A concepção do filme iniciou em 2013, o diretor escolheu retratar esta fase por viver questionamentos similares ao do protagonista e, também, experiência de paternidade. Sérgio não será um herói clássico, buscando apelo nas relações afetivas. Essa é uma ideia que ficou clara na entrevista coletiva realizada ontem (15) pela equipe do filme com a imprensa pernambucana.

O realizador declaradamente muito satisfeito com a presença de Marco Ricca no elenco comentou a oportunidade de trabalhar com um ator com vasta experiência e disposição para ensaiar todos os dias após as filmagens. Revelou, também, duvidar que “o cara d’O invasor” aceitaria o papel de Sérgio, relembrando a exibição do filme de Beto Brant no Cine-PE em 2002.

Marco Ricca (e) como o arquiteto Sérgio em set de “Paterno”. Fotos de Helder Tavares.

Já Ricca, vencedor do Kikito de melhor ator coadjuvante no 45º Festival de Gramado 2017 pelo filme Duas irenes elogiou Lordello pelo roteiro – co-escrito com Fabio Meira – e por sua consciência das intenções do filme.

Com orçamento em R$ 1,2 milhões (oriundo do edital B.O. do Minc, mais Funcultura) o longa é uma coprodução entre as produtoras Trincheira, Plano 9 e a francesa Caravan pass. As gravações que começaram no feriado de 7 de Setembro devem durar 5 semanas.

Tendo confiado a direção de fotografia de Eles voltam ao amigo cearense Ivo Lopes – que em 2010 captou as imagens com a filmadora digital Sony EX1 e uma câmera fotográfica Canon, que filmava em FullHD a 24 frames por segundo – em Paterno quem assume o posto é Bárbara Alvarez, que usava no set uma Alexa mini.

Paterno já tem distribuição garantida pela Art House, mas não há ainda data para seu lançamento.