10. Janela (2017) – seleção de curtas-metragens
São 39 obras de 19 países, sendo 19 curtas brasileiros e 20 estrangeiros
Por Luiz Joaquim | 03.10.2017 (terça-feira)
*Texto divulgado pela assessoria do festival. Foto acima do ótimo curta-metragem Torre, de Nádia Magolini
O festival Janela Internacional de Cinema do Recife divulgou, ontem (2), o resultado da seleção da mostra competitiva de curtas, nas categorias nacional e internacional. Viabilizado pelo Funcultura/Governo do Estado, com apresentação da Petrobras e organização pela CinemaScópio Produções Cinematográficas e Artísticas, de Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux, o X Janela Internacional de Cinema do Recife acontece entre os dias 3 a 12 de novembro.
Este ano o festival recebeu o montante expressivo de 1.350 trabalhos de 47 países na etapa de inscrição, encerrada em julho passado. Destes, foram selecionadas 39 obras de 19 países, sendo 19 curtas brasileiros e 20 estrangeiros. Participaram da seleção de curtas nacionais os pesquisadores Sabrina Tenório e Rodrigo Almeida, o cineasta Leonardo Lacca e o roteirista Luiz Otávio Pereira. A comissão de curtas internacionais é formada pelo cineasta e ator Fábio Leal, pela produtora executiva e coordenadora do Janela Emilie Lesclaux, pela cineasta Nara Normande e pelo sócio da Cinemascópio Produções, Winston Araújo.
“Creio que a seleção deste ano reflete muito bem o cruzamento de sensibilidades que faz o Janela. Posso dizer com tranquilidade que o conjunto tem uma feição própria, baseada no desejo de diversidade e de descoberta e, por que não, na paixão por filmes”, afirma o coordenador de programação do Janela, Luís Fernando Moura.
Na mostra nacional, participam curtas de sete estados. De Pernambuco, foram selecionados três trabalhos: “Terremoto Santo”, de Barbara Wagner e Benjamin de Burca (em première mundial no Janela), “O peixe”, do artista visual alagoano e radicado pernambucano Jonathas de Andrade (apresentado pela primeira vez na 32ª Bienal de São Paulo) e O olho e o espírito (PE), de Amanda Beça.
O curta mineiro “Nada”, de Gabriel Martins, selecionado para a mostra Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes deste ano e vencedor do prêmio de melhor trilha sonora no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, é um dos destaques da edição. O realizador paulista Gustavo Vinagre, aclamado com o premiado média-metragem “Nova Dubai”, de 2014, está presente na competitiva com duas produções: “Filme-catástrofe” e “Cachorro”.
Filmes diversos, que refletem e enfrentam demandas políticas urgentes no país merecem atenção, como “Travessia”, da carioca Safira Moreira (melhor curta pelo júri do VIII CachoeiraDoc, na Bahia); o potente “Filme de rua”, experiência documental realizada por e com jovens moradores de rua de Belo Horizonte; e “Deus”, dirigido pelo jovem paulistano Vinícius Silva sobre a rotina de uma mãe negra na periferia de São Paulo.
Entre os filmes internacionais, há um equilíbrio entre as diferentes origens, com uma leve dianteira em produções da França, Portugal e dos Estados Unidos. A maior parte estreou em diferentes seções dos principais festivais de cinema no mundo, a exemplo de Cannes e Clermont Ferrand (França), Berlim (Alemanha), Roterdã (Holanda) e Locarno (Suíça), como “Jeunes hommes à la fenêtre”, de Loukianos Moshonas, que tem première brasileira no Janela.
Destaca-se também, na seleção estrangeira, o francês “La Bouche”, de Camilo Restrepo, que estreou na última Quinzena dos Realizadores, em Cannes. Trata-se de uma história de luto e vingança contada como um musical percussivo, conduzido com alta vibração por Restrepo, que nas duas últimas edições do Janela saiu consagrado com prêmios distintos.
A seleção conta, ainda, com filmes fortes ou inventivos como o holandês “Meryem”, de Reber Dosky, um documentário direto sobre mulheres do exército contra o Estado Islâmico; e “Borderhole”, de Amber Bemak e Nadia Granados, filme-performance com que um casal de namoradas reimagina o imperialismo e a liberdade. Questionador também dos limites do queer e do pornô, o lendário diretor de cinema adulto Bruce LaBruce aparece com seu “Refugee’s welcome”, obra que tematiza o drama dos refugiados na Europa pela história de amor entre um poeta sírio e outro imigrante tcheco.
“A produção de curta-metragem internacional parece estar agitada com o estado das imagens e das políticas, e há no conjunto uma série de filmes tomados, se não simplesmente por temas de visibilidade, por energia de enfrentamento, de desconforto e de descompasso”, avalia Luís Fernando Moura. “Temos a sincera sensação de que é um conjunto especial e de que, a partir de certo pensamento que põe os filmes lado a lado, algo pode acontecer entre ele e o público do festival”.
Os curtas vão competir nas categorias melhor som, montagem, imagem e melhor filme. Veja abaixo a lista dos selecionados.
Lista dos curtas-metragens selecionados para o X Janela Internacional de Cinema do Recife
Curtas nacionais
A barca do sol (MG), de Leonardo Amaral
As melhores noites de Veroni (AL), de Ulisses Arthur
A passagem do cometa (SP), de Juliana Rojas
Borá (RJ), Angelo Defante
Cachorro (SP), de Gustavo Vinagre
Deus (RS/SP), de Vinícius Silva
Experimentando o vermelho em dilúvio (RJ), de Michelle Mattiuzzi
Filme-catástrofe (SP), de Gustavo Vinagre
Filme de rua (MG), de Joanna Ladeira, Paula Kimo, Zi Reis, Ed Marte, Guilherme Fernandes, Daniel Carneiro
Nada (MG), de Gabriel Martins
O olho e o espírito (PE), de Amanda Beça
O peixe (PE), de Jonathas de Andrade
Pele suja, minha carne (RJ), Bruno Ribeiro
Rei (RJ), de Alfreu França
Retratos para você (SP), de Pedro Nishi
Terremoto Santo (PE), de Barbara Wagner e Benjamin de Burca
Torre (SP), de Nadia Magolini
Travessia (RJ), de Safira Moreira
Vando vulgo vedita (CE), de Andréia Pires e Leonardo Mouramateus
Curtas internacionais
Armageddon 2 (CUB), de Corey Hughes
Borderhole (MEX/EUA/COL), de Amber Bemak e Nadia Granados
Cipka / Pussy / Periquita (POL), de Renata Gasiorowska
Coelho mau (POR), de Carlos Conceição
Employee of the month / Empregado do mês (PHI/SIN), de Carlo Francisco Manatad
Everything / Tudo (EUA/IRL), de David O’Reilly
Green screen gringo / Gringo da tela verde (HOL/BRA), de Douwe Dijkstra
Impossible figures and other stories II / Figuras impossíveis e outras histórias II (POL), de Marta Pajek
Jeunes hommes à la fenetre/ Jovens homens na janela / Young men at their window (FRA), de Loukianos Moshonas
Keep that dream burning / Deixe esse sonho arder (AUS/ALE), de Rainer Kohlberger
La Bouche (FRA), de Camilo Restrepo
Meryem (HOL), de Reber Dosky
Min börda / O fardo (SUE), de Niki Lindroth von Bahr
Nyo Vweta Nafta (POR/MOZ), de Ico Costa
Os humores artificiais (POR), de Gabriel Abrantes
Poke (FRA), de Mareike Engelhardt
Refugee’s welcome / Refugiados bem-vindos (ALE/ESP), de Bruce LaBruce
Superbia (HUN/CZE/SVK), de Luca Toth
The rabbit hunt / A caça ao coelho (EUA/HUN), de Patrick Bresnan
Tudo o que imagino (POR), de Leonor Noivo
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