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Festivais

41. Mostra SP (2017) – abertura

Começa a maior maratona cinematográfica paulista, com filmes espalhados por mais de 30 espaços de SP

Por Luiz Joaquim | 19.10.2017 (quinta-feira)

*Com infos da assessoria da Mostra de SP.

De hoje (19) a 1º de novembro, acontece em São Paulo a tradicional Mostra Internacional de Cinema. Durante duas semanas, serão exibidos 394 títulos de variados países e diversas cinematografias, contando os 30 curtas-metragens inseridos em retrospectiva, apresentação especial e programação de realidade virtual (VR). Os filmes serão apresentados em mais de 30 espaços, entre cinemas, espaços culturais e museus espalhados pela capital paulista, incluindo exibições gratuitas e ao ar livre. A seleção deste ano faz um apanhado do que o cinema contemporâneo mundial está produzindo, além das principais tendências, temáticas, narrativas e estéticas produzidas em todo o mundo.

Isso se observa desde o filme de abertura, Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Ir (foto acima), do artista chinês Ai Weiwei, encabeçando uma lista de longas que abordam a grave crise mundial dos refugiados, até a homenageada pelo Prêmio Humanidade, a cineasta belga Agnès Varda, ressaltando a presença marcante das mulheres diretoras nesta edição. Outra homenagem deste ano é para o diretor Paul Vecchiali, que receberá o Prêmio Leon Cakoff. E, como tradicionalmente faz nas últimas edições, destacando a produção cinematográfica de um país ou região, a 41ª Mostra apresenta o Foco Suíça, com longas contemporâneos, uma retrospectiva da obra de Alain Tanner e a exibição de curtas do animador Georges Schwizgebel.

Além de Apresentações Especiais e das Retrospectivas do cineasta suíço e dos homenageados, a Mostra Internacional de Cinema apresenta as produções selecionadas nas seções da Competição Novos Diretores, que exibe títulos de diretores que tenham realizado até dois longas (os mais bem votados pelo público serão vistos pelo Júri Internacional, que escolhe posteriormente os que vão receber o Troféu Bandeira Paulista), e Perspectiva Internacional, que apresenta títulos recém-premiados e trabalhos de diretores já consagrados. A produção brasileira também ganha destaque com o Prêmio Petrobras de Cinema, que contemplará dois filmes brasileiros da seleção, para apoiar a distribuição dos mesmos no circuito comercial.

FILMES – A seleção de títulos da 41ª Mostra apresenta filmes premiados em festivais internacionais, como The Square, de Ruben Östlund, vencedor da Palma de Ouro em Cannes; Loveless, de Andrey Zvyagintsev, que levou o Prêmio do Júri na mesma competição; Esplendor, de Naomi Kawase, agraciado pelo júri ecumênico no evento; e os selecionados Happy End, de Michael Haneke, O Dia Depois, de Hong Sang-Soo, Lover For a Day, Philippe Garrel, e A Trama, de Laurent Cantet. De Veneza, vêm os longas Custódia, de Xavier Legrand, Leão de Prata de Melhor Direção; Emma, de Silvio Soldini, exibido hors concours no festival italiano; e os premiados na seção HorizontesNico, 1988, de Susanna Nicchiarelli; Sem Data, Sem Assinatura, de Vahid Jalilvand; e Os Versos Esquecidos, de Alireza Khatami. Filmes premiados em Berlim também fazem parte da programação, como Félicité, de Alain Gomis, ganhador do Grande Prêmio do Júri; O Outro Lado da Esperança, de Aki Kaurismaki, vencedor do Urso de Prata de Melhor Direção; Noites Brilhantes, de Thomas Arslan, que teve o ator premiado; 1945, de Ferenc Török, agraciado pelo público na seção Panorama; Ana, Meu Amor, de Calin Peter Netzer, cuja montagem foi premiada; além de Django, de Étienne Comar, que abriu o evento.

O vencedor do Festival de Toronto, Três Anúncios para um Crime, de Martin McDonagh, está presente na seleção, assim como Doce País, de Warwick Thornton, eleito o melhor filme da Toronto Plataform no evento. De Locarno, esta edição traz 9 Dedos, de F.J. Ossang, premiado como Melhor Direção; e outros reconhecidos pelo festival: Cocote, de Nelson Carlo de los Santos Arias; Irmãos Do Inverno, de Hlynur Pálmason; Scary Mother, de Ana Urushadze; Aqueles Que Estão Bem, Cyril Schäublin; e Lucky, de John Carroll Lynch, que traz um dos últimos trabalhos do ator Harry Dean Stanton. A seleção ainda apresenta filmes premiados em Sundance (Livre e Fácil, de Jun Geng), Roterdã (Tempo de Qualidade, de Daan Bakker), Tribeca (Mulheres Divinas, de Petra Volpe) e South by Southwest (Inflamar, Ceylan Özgün Özçelik), sem contar os títulos brasileiros reconhecidos em premiações e seleções de festivais internacionais.

Outros destaques deste ano são Com Amor, Van Gogh, de Dorota Kobiela e Hugh Welchman; Terra Heroica, Fronteira Queimada, de Nicolas Klotz e Elisabeth Perceval; A Maldita Primavera, de Marc Ferrer; O Jovem Karl Marx, de Raoul Peck; O Terceiro Assassinato, de Hirozaku Kore-Eda; Outrage Koda, de Takeshe Kitano; Napalm, longa sobre a Coreia do Norte dirigido por Claude Lanzmann; Abrigo, de Eran Riklis, mesmo diretor de Lemon Tree, e Uma Verdade Mais Inconveniente, de Bonni Cohen e Jon Shenk, além da première mundial do longa boliviano Eugênia, de Martin Boulocq; Where Has the Time Gone?, produção dos países do BRICS, com Walter Salles, Jia Zhangke, Aleksey Fedorchenko, Madhur Bhandarkar e Jahmil Qubeka na direção dos segmentos; e dos episódios 1 e 2 da inédita série alemã Babylon Berlin, de Henk Handloegten, Tom Tykwer e Achim von Borries.

Oscarizáveis – A seleção de filmes também traz, até o momento, 13 obras já indicadas por seus respectivos países para concorrerem à vaga do Oscar® de melhor filme estrangeiro: ARGENTINA – ZAMA, Lucrecia Martel; ÁUSTRIA – HAPPY END, Michael Haneke; COREIA DO SUL – O MOTORISTA DE TÁXI, Jang Hoon; GEÓRGIA – SCARY MOTHER, Ana Urushadze; IRà– RESPIRO, Narges Abyar; IRLANDA – CANÇÃO DE GRANITO, Pat Collins; ISLÂNDIA – A SOMBRA DA ÁRVORE, Hafsteinn Gunnar Sigurðsson; NOVA ZELÂNDIA – MIL CORDAS, Tusi Tamasese; REPÚBLICA TCHECA – MÃE NO GELO, Bohdan Sláma; RÚSSIA – LOVELESS, Andrey Zvyagintsev; SUÉCIA – THE SQUARE, Ruben Östlund; SUÍÇA –MULHERES DIVINAS, Petra Volpe; e VENEZUELA – EL INCA, Ignacio Castillo Cottin.

Mostra Brasil – A 41ª Mostra vai exibir 64 títulos brasileiros incluídos nas seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional. Os filmes que estão na Perspectiva Internacional são inéditos na cidade de São Paulo, e os que fazem parte da Competição Novos diretores farão sua primeira exibição pública no país, dentro do evento. Os títulos da competição concorrem ao prêmio Bandeira Paulista de Melhor Filme, dado pelo Júri Internacional da 41ª Mostra. Entretanto, todos os brasileiros da Perspectiva Internacional e da Competição Novos diretores concorrem ao Prêmio do Público da Mostra, que inclui o Troféu Bandeira Paulista de Melhor Filme Brasileiro.

E pela primeira vez, a 41ª Mostra vai contemplar dois filmes brasileiros, sejam eles da Competição ou da Perspectiva, com o Prêmio Petrobras de Cinema num total de R$ 300 mil, sendo R$ 200 mil para o melhor longa de ficção e R$ 100 mil para o melhor longa documentário. O objetivo do Prêmio é apoiar a distribuição dos respectivos filmes em pelo menos 15 salas e cinco praças ao longo dos primeiros 90 dias de lançamento comercial, no caso da ficção, e 10 salas e três praças ao longo dos primeiros, para o documentário. Os títulos selecionados serão avaliados por um júri convidado pela direção do evento.

Dentro da seção de Apresentação Especial, que inclui a projeção de títulos clássicos brasileiros, está programada a exibição da cópia em DCP de Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes. Na 29ª Mostra, em 2005, o longa se tornou a segunda produção brasileira a receber o prêmio Bandeira Paulista como Melhor Filme – a primeira desde que Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, de Hector Babenco, foi agraciado na primeira edição do evento. Depois de 12 anos, o filme, rodado em 35mm, volta agora em versão restaurada, na 41ª Mostra.

Varda

Homenagem – Uma das precursoras da Nouvelle Vague e ícone do feminismo no cinema, a diretora belga Agnès Varda recebe uma homenagem da 41a Mostra com o Prêmio Humanidade, entregue, a cada edição do evento, a um cineasta cuja obra reflete questões humanísticas. A preocupação social presente em sua filmografia, que alia o realismo à narrativa ficcional, tanto nos documentários quanto em trabalhos de ficção, será relembrada em uma retrospectiva de 10 longas da realizadora, além da exibição de seu último filme, Faces Places (Visages, Villages). Exibido nos festivais de Cannes e Toronto, onde foi eleito o Melhor Documentário pelo público do evento canadense, a produção acompanha a viagem de Varda – que será agraciada com um Oscar® honorário no próximo ano – e do fotógrafo e muralista J.R., que também assina a direção, pelas áreas rurais da França.

Títulos da Retrospectiva Agnès Varda: Faces Places (2017), O Universo de Jacques Demy (1995), As Cento e Uma Noites (1995), Jacquot de Nantes (1991), Jane B. por Agnès V. (1987), Os Renegados (1985), Uma Canta, a Outra Não (1977), Daguerreótipos (1975), As Duas Faces da Felicidade (1965), Cléo das 5 às 7 (1962) e La Pointe Courte (1954).

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