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Festivais

21. Tiradentes (2018) – abertura

Evento abre a porta para o novo cinema brasileiro entrar

Por Luiz Joaquim | 19.01.2018 (sexta-feira)

foto divulgação de Leo Lara/Universo Produção.

Começa hoje o ano cinematográfico no Brasil. E não é pelo lançamento de um milionário filme nacional com apelo comercial, ou pela chegada ao País de um figurão estrangeiro. É o início da Mostra de Cinema de Tiradentes que abre sua 21ª edição no já tradicional Cine Tenda, onde seus cerca de 700 lugares costumam ser totalmente ocupados por uma plateia ávida por emoção e reflexão.

Duas estrelas estão prestes a brilhar logo mais, às 21h, no Cine Tenda. Uma é o filme baiano Café com canela, de Glenda Nicácio e Ary Rosa (revelado e aclamado no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro) e a outra é o ator Babu Santana.

Nada mais acertada que essa dobradinha para a abertura da Mostra uma vez que o mundo, e o Brasil em sua esteira, se revolve num tumulto de intolerância com questões de gênero sexual e racismo. No caso, o personagem de Babu Santana, com uma bagagem respeitável em sua trajetória artística, encarna em Café com canela as duas circunstâncias da discriminação.

Babu interpreta o médico Ivan. Ele é negro e homossexual. No enredo, Ivan vive numa cidade interiorana numa harmoniosa vida ao lado de seu companheiro. Os diretores Nicácio e Rosa dão ao personagem a dignidade que ele merece e a profundidade própria dramática da qual qualquer ser-humano é capaz de gerar.

Por ocasião do debate no Festival de Brasília, Glenda Nicácio destacou que fez questão de criar um personagem negro, gay e médico, para deixar claro que figuras humanas como a do negro não têm de seguir o estereótipo habitual sob o qual costumam ser submetidas no audiovisual brasileiro, ou seja, o do empregado doméstico, do motorista, do assalariado submisso enfim.

 

Na abertura de hoje à noite, o evento ainda guarda uma performance, com direção de Chico de Paula e Grazi Medrado, que, conforme destaca a assessoria da Mostra “vai reunir elementos ilustrativos sobre a temática [deste ano, intitulada “Chamada realista”], cujo objetivo é discutir as várias formas de filmes brasileiros contemporâneos utilizarem elementos retirados diretamente dos noticiários e das controvérsias públicas mais recentes”.

A 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes segue por nove dias – encerrando portanto no sábado 27 de janeiro -, e exibirá um total de 102 filmes (30 longas-metragens e 72 curtas) em 51 sessões – confira programação completa clicando aqui. Juntam-se a esta maratona o sempre impressionante número de 34 debates com a presença de 39 profissionais do audiovisual. Como expectativa de alcance de público, a Mostra estima uma freqüência de 35 mil pessoas.

E aqui no CinemaEscrito você irá acompanhar todos os detalhes da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes pela nossa cobertura (no 12ª ano consecutivo) a partir deste domingo (21).

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