— texto originalmente publicado em 12 de julho de 2000

Não é preciso saber muito sobre cinema para lembrar que O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, é a uma das melhores referências quando o tema é `destino`, `morte`, e como trapacear os dois. Abordando o mesmo assunto, mas de forma bem diferente da clássica partida de xadrez no drama sueco, o filme Premonição (Final Destination, EUA, 2000) estréia nesta semana em todo o país.

O roteiro desse thriller adolescente com gosto de filme B foi escrito por Glen Morgan e James Wong (que também dirige a produção). A dupla foi a mesma que deu o verniz assustador na versão cinematográfica da série Arquivo X. O ponto de partida aqui é uma premonição vivida por Alex (Devon Sawa). Ele pressente que o avião no qual está a bordo, a caminho de Paris, vai explodir assim que levantar vôo. Depois que Alex apronta a balbúrdia e instala pânico geral, sete estudantes (o número seria uma referência a Bergman?) e uma professora são obrigados a ficar no aeroporto.

Depois que a pre-visão de Alex  é confirmada, os sobreviventes tentam continuar com suas vidas normalmente, mas a morte parece não concordar com a idéia e cada um que escapou passa a ser `perseguido` por forças naturais um tanto ilógicas.

Premonição acerta quando capricha na inventividade e produção das mortes grotescas, o instante preferido do filme pelo segmentado fã do gênero macabro; mas erra quando ultrapassa o limite da racionalidade, relegando o longa ao patamar de `filme B com dinheiro`. Os roteiristas até tentam colocar um pouco (muito pouco) de existencialismo no enredo, quando os jovens protagonista discutem o sentido da vida diante da morte. Mas tudo se dissipa nas elaboradas cenas de explosão e, geralmente, bem-feitas cenas de morte.

Se for possível esquecer a lógica da natureza e desprezar algumas elipses incongruentes da história (principalmente no final do filme), Premonição pode oferecer um par de horas de bom entretenimento.