Cinema da Fundação (Derby) irá reabrir.
“Vidas Secas”, em cópia DCP 4K, vai reabrir espaço da Fundaj (Recife), próxima terça-feira, 27 de março.
Por Luiz Joaquim | 22.03.2018 (quinta-feira)
— acima, foto divulgada pela Fundação Joaquim Nabuco
Na manhã de terça-feira (20), a Fundação Joaquim Nabuco (Recife) divulgou release para a imprensa pernambucana anunciando a reabertura do Cinema da Fundação, unidade do Derby, após reforma iniciada em janeiro de 2016 – a reforma do prédio Ulysses Pernambucano, onde funciona o Cinema, iniciou em 2015.
A data de reabertura está agendada para a próxima terça-feira (27) com a exibição em versão digital DCP, com resolução 4k, de Vidas secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos. A programação de inauguração segue até a quarta-feira, 4 de abril, inteiramente dedicada a filmes brasileiros clássicos, em sua maioria, conforme explica o release, que abaixo copiamos na íntegra. Haverá ainda uma mostra da produção cinematográfica realizada pelo jornalista Geneton Moraes Neto (1956-2016).
Em tempo: o release traz a informação de que o Cinema da Fundação reabre “para o público três dias depois em que se completam 20 anos da exibição inaugural do Cinema da Fundação, ocorrida no dia 23 de março de 1998, com a apresentação do longa-metragem inglês Bent, de Sean Mathias”.
O filme Bent, de Sean Mathias, na verdade, estreou no Cinema da Fundação em 23 de maio de 1998 (um sábado, dia da semana em que aconteciam as estreias do Cinema da Fundação). Foi a primeira sessão com bilheteria funcionando sob aquela gestão, com ingressos ao preço de R$ 5 e R$ 2 (meia). Era uma noite de forte chuva no Recife, e o público pagante foi de 28 pessoas. Antes disso, o Cinema da Fundação funcionou em caráter especial, com entrada vinculada ao projeto “Todos com A Nota”, do Governo do Estudo. Naquela programação, diversos clássicos, e contemporâneos, do cinema brasileiro.
Naquele 1998, o espaço era composto por 322 lugares (cadeiras de madeira). Após uma primeira reforma de infra-estrutura, que durou oito meses em 2005, a sala passou a contar com 197 poltronas. Após a atual reforma, o espaço registra hoje 160 poltronas.
Abaixo, release divulgado pela Fundação Joaquim Nabuco:
O Cinema da Fundação/Derby volta ao convívio do público recifense depois de uma grande reforma – a segunda de sua história, que retoma suas características arquitetônicas originais, como as janelas que dão para o Rio Capibaribe e o jardim interno. A reabertura será em grande estilo, com Vidas Secas, um dos clássicos do Cinema Novo, de Nelson Pereira dos Santos, em cópia restaurada em 4k. O Edifício Ulysses Pernambuco, que sedia além do cinema as salas Vicente do Rego Monteiro e João Cardoso Ayres e a Escola de Inovação e Políticas Públicas, foi totalmente reformado e ganhou novos equipamentos. O investimento superior a R$ 8 milhões.
Esta primeira semana de sessões gratuitas no Cinema da Fundação/Derby, o cinéfilo pernambucano terá a oportunidade de ver, pela primeira vez, seis longas-metragens do Cinema Novo, dois de Nelson (Vidas Secas e Rio Zona Norte) e quatro de Cacá Diegues : Ganga Zumba, Os Herdeiros, Joana, a Francesa e Chuvas de Verão, todos em versões restauradas, em cópias digitais DCP, algumas inéditas no país.
O jornalista e realizador pernambucano, Geneton Moraes Neto, um dos principais diretores ligados ao movimento do super-8 do Recife, nos anos 1970, também será homenageado com uma mostra de sua obra, digitalizada recentemente em 4k, pela Cinemateca Pernambucana. Seu trabalho será apresentado pelo critico e professor da USP, Rubens Machado Júnior, curador da mostra Marginália 70: o experimentalismo no Super-8 brasileiro (Itaú Cultural, 2001-2003).
O público também será brindado com uma mostra de documentários de cineastas pernambucanas acompanhada por uma mesa de conversa sobre a atuação da mulher na realização de filmes no estado, além da presença do projeto Alumiar de cinema acessível, com a exibição do clássico brasileiro O Canto do Mar.
E, claro, o público infantil não foi esquecido. A animação de Historietas Assombradas será aberta com show de Carol Levy, contadora de histórias querida pela criançada.
O Retorno – A data do retorno da sala é também uma marca histórica: o espaço volta para o público três dias depois em que se completam 20 anos da exibição inaugural do Cinema da Fundação, ocorrida no dia 23 de março de 1998, com a apresentação do longa-metragem inglês Bent, de Sean Mathias.
Agora, as poltronas ocupam o espaço completo da sala, com os espectadores tendo acesso por corredores laterais, mais espaçosos e que permitem maior segurança no acesso pelas escadaria. A saída de emergência também é uma novidade. Ao todo, a sala conta agora com 160 lugares, com assentos especiais para obesos e espaços para cadeirantes e pessoas de mobilidade reduzida. As poltronas são novas e obedecem a conceitos ergométricos de bem-estar.
Nos seus primórdios, o Cinema da Fundação – que originalmente foi batizado como Sala José Carlos Cavalcanti Borges – dividia seu espaço com sessões de filmes, peças de teatro e apresentações musicais. Nos anos 1980, ainda estruturado como um auditório multiuso, a sala já demonstrava sua vocação para o cinema, quando abrigou inúmeras mostras.
O Cinema da Fundação/Derby começou a conquistar a cara que tem hoje com a instalação, em 1997, de um projetor americano de 35mm da marca Strong e do sistema som Dolby SR, até então inédito. Em 2006, a sala deu os primeiros passos em direção à projeção digital, com a implantação do sistema desenvolvido pela empresa brasileira Rain. Em julho de 2013, aconteceu a entrada definitiva na exibição digital DCP (Digtal Cinema Package), com a aquisição do projetor Barco 4K 3D e distribuição de som Dolby Digital 7.1.
Nestes 20 anos de história, o Cinema da Fundação/Derby ajudou na formação de uma geração inteira de cinéfilos e novos cineastas, que tornaram Pernambuco um dos estados mais importantes na renovação do atual cinema brasileiro.
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