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Festivais

Diretoras da Espanha no Cine Arraial (2000)

No Recife, um cinema que não mais funciona, programava filmes dirigidos por mulheres espanholas.

Por Luiz Joaquim | 03.04.2018 (terça-feira)

— Acima, imagem do filme Coisas que nunca te disse de Isabel Coixet

— texto originalmente publicado  no Jornal do Commercio (Recife) em 28 de fevereiro de 2000 

Apesar de todos os holofotes da mídia estarem voltados para o cinema americano com a proximidade da cerimônia do Oscar, vale a pena visitar o Cineteatro Arraial nesta semana. Em parceria com o Centro Cultural Brasil-Espanha do Recife e a Secretaria de Cultura do Estado, a sala de cinema vai reativar seus projetores de película exibindo até quinta-feira oito recentes filmes espanhóis. A mostra disponibiliza dois filmes por dia ao preço de R$ 1.

O filme escolhido para abrir o ciclo, às 19h de hoje, parece ter sido especialmente realizado para apresentar a cultura de Cuba ao mundo. Confluências: A Velha Havana, um curta-metragem (o único da mostra) de Pilar Garcia Elegido, mistura ficção e realidade mostrando um artista que está regressando à capital cubana. À medida em que caminha pelas ruas da cidade, ele traça uma reflexão sobre a arte contemporânea local, e o espectador vai conhecendo a obra de diversos criadores como Tatina Parcero (fotografia) e Lázaro Saavedra (instalação).

Logo depois é exibido Alma Cigana, de Chus Gutierrez, sobre um garçom individualista e mulherengo (o ator Pedro Alonso). Ele sonha em se tornar um bailarino e resolve mudar de vida quando conhece Luiza (Amara Carmona), uma cigana que trabalha com restauradora artística.

Amanhã, A Última Viagem de Robert Rylands, de Gracia Querejeta, retrata a experiência emocional de um arqueólogo que, depois ter sido dado como desaparecido por 10 anos, volta a Oxford. Prestes a completar 70 anos, o senhor dá depoimento em uma delegacia revelando uma vida envolvida com homossexualidade e crimes. Na sequência é projetado Olá, Estas Sozinha?, de Itciar Bollain. O título engraçado serve para ilustra a vida de Trini (Candela Peña) e Niña (Silke), duas amigas órfãs que, as 20 anos de idade, não leem jornal, não assistem televisão ou usam telefone numa Madri de 1995.

Quarta é a vez de Coisas que Nunca Te Disse. Isabel Coixet rodou o filme em Barcelona e recebeu algumas críticas quanto ao emprego de atores americanos para protagonizar o longa. Quem aparece na película é Lily Taylor como uma garota que vende aparelhos fotográficos nos Estados Unidos. Ela acaba de ser largada pelo namorado Don (Andrew McCarthy – bom moço das comédias adolescentes de John Hughes). Ele, por sua vez, vende casas no Leste Europeu e, nas horas vagas, presta serviço para o ‘Telefone da Esperança’, uma espécie de Disk Vida europeu. Em uma de suas conversas, Don acaba consolando a própria ex-namorada.

O Cão do Horticultor completa a programação da quarta. Dirigido por Pilar Miró, o filme ganhou sete Goyas (o Oscar espanhol) em 96. Um desses prêmios foi para Emma Suárez que interpreta uma condessa. Reprimida pela posição social, ela alimenta uma ansiedade sexual pelo seu secretário, que é apaixonado por uma plebeia.

No último dia do ciclo, La Moños, de Mireia Ross, nos leva aos anos 30 e apresenta Pepi (Claudia Molina), uma garota de nove anos que recria a estranha e poética estória espanhola de ‘La Moños’ – uma mulher fantasiosa que inspira a imaginação da menina. Para encerrar é exibido Retrato de Mulher com Homem ao Fundo. Talvez o filme com temática mais ‘engajada’ na mostra, o filme de Manane Rodriguez mostra uma mulher de 35 anos, com ideias claras, que tem sucesso no trabalho, uma bela casa e uma amante para preencher o seu tempo. Mas toda segurança que possui vai por água abaixo quando ela se apaixona por um estranho.

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