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Críticas

Do Inferno

Jack, o estripador, uma comédia desvairada e um Michael Haneke inesquecível.

Por Luiz Joaquim | 20.04.2018 (sexta-feira)

-publicado originalmente em 8 de Janeiro de 2002 no site Tô na boa.

Parece não ter fim o fascínio dos roteiristas de cinema por Jack, O Estripador – assassino que cometeu cinco crimes obedecendo um ritual doentio, no início do séc. 20. A grande estréia dessa sexta (11/1/2002) chama-se Do Inferno (From Hell, EUA, 2001). Com ele, acompanharemos as dez semanas em que o assassino londrino formou sua fama nos jornais e ficou conhecido como o primeiro matador serial do planeta. Acompanhamos tudo pelos olhos do inspetor Fred Abberline (Johnny Depp). Ele é o único preocupado com a sorte das vítimas do estripador: todas prostitutas.

A história real dessa personalidade do crime nunca foi esclarecida e Do Inferno, baseado no romance de Alan Moore e Eddie Campbell, brinca com o senso comum que habita a cultura londrina sobre o matador. Uma das teorias, por exemplo, é a participação de gente poderosa da Inglaterra envolvida com a morte das meninas que vendiam o corpo naquele período. Conta-se até que um aristocrata contraiu sífilis e, para se vingar, decidiu matar todas as prostitutas que pudesse encontrar. Parou na quinta vítima.

Além de gente como Heather Graham e Ian Holm no elenco, um outro atrativo desse filme dos (desconhecidos por aqui) irmãos Allen e Albert Hughes, e a inserção, no filme, de um personagem contemporâneo a Jack. É John Merrick. Ou melhor, ninguém mais, ninguém menos que O Homem Elefante. Figura imortalizada para os olhos do mundo pela genialidade cinematográfica de David Lynch, em 1980, em seu filme homônimo, protagonizado por John Hurt. Desta vez, quem finge o corpo deformado é Anthony Parker, técnico sênior da Millennium Effects. Empresa responsável pela prótese que dá a deformação do Homem Elefante em Do Inferno. Diz-se que Merrick  viveu num apartamento bem perto de onde aconteceu os crimes de Jack; que ele era tratado num hospital no final da mesma rua dos crimes, daí sua aparição no longa.

HUMOR NON-SENSE – Outra estréia na casa oficial do Senhor dos Anéis (reinando absoluto nas bilheterias) chama-se Tá Todo Mundo Louco!: Um Corrida de Milhõe$ (Rat Race, EUA, 2001). Tentando recuperar as estapafúrdias situações de humor de seu lendário sucesso (Apertem Os Cintos, O Piloto Sumiu!, que parecia funcionar bem nos anos 1980 – época livre das amarras ‘politicamente correta’ do cinemão), o cineasta Jerry Zucker volta com uma corrida maluca. No elenco, está uma constelação de estrelas do humor: John Cleese (ex-Monty-Phyton), Rowan Atkinson (Mr. Bean), Jon Lovitz, Whoopi Goldberg, Cuba Gooding Jr (surpreendendo aqui, conseguindo ser engraçado mesmo) e Seth Green.

O enredo: um bando de milionários entediados inventa uma corrida ao ouro e para correr atrás, convidam seis grupos de estranhos em Las Vegas. O primeiro que chegar a mais de 900 quilômetros do ponto de partida pode ficar com os dois milhões de dólares para eles reservado. Para chegar até eles não precisam seguir nenhuma regra. Uma terceira estréia é o doce melado Os Garotos da Minha Vida (Riding In Cars with Boys, EUA, 2001). Drew Barrymore (a eterna menininha de E.T.) cresceu e virou uma mãe solteira, Berverly, nesse filme de Penny Marshall. Berverly tem sonhos de virar uma escritora, mas teve um filho aos 15 anos em 1968, e daí tem seus planos atrasados. Por aquela época, vivia sob a custódia do pai (James Woods), um viciado que acabou por arruinar o casamento com a esposa, vivida por Lorraine Bracco.

ALTER – Mais uma chance para quem perdeu E Sua Mãe Também, no Cinema da Fundação, que o mantém em cartaz. Final de semana passado, mais de mil pessoas lotaram a salinha do Derby para ver as diabruras dos dois amigos adolescentes no México que aprendem a ser homem (no melhor sentido) em viajem absurda para a praia Boca do Céu. Há também mais uma sessão de Código Desconhecido. O filme feito por Michael Haneke antes de A Professora de Piano. No Cineteatro do Parque, também continua o belíssimo, e mais recente trabalho do mestre italiano Ettore Scola, Concorrência desleal. É o humanismo posto a prova numa Itália dominada pelas leis criadas por Mussolini em apoio ao regime nazista. Cinema sobre gente para gente ver.

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