4. Fest. de Cine do Recife – Cine-PE 2000 prêmio
Hermila Guedes foi eleita a melhor atriz em curta-metragem pelo -O Pedido-, de Adelina Pontual.
Por Luiz Joaquim | 24.05.2018 (quinta-feira)
– publicado originalmente em 3 de abril de 2000 no Jornal do Commercio (Recife)
Foi no dia do encerramento do 4º Festival de Cinema do Recife, no último sábado, que o evento reuniu o maior número de pessoas no Teatro Guararapes. A primeira projeção na tela instalada no auditório, com cerca de 2600 espectadores, foi a do vídeo produzido pelo Canal Brasil que homenageava personalidades do cinema nacional falecidos no decorrer do último ano. Logo em seguida, Jarbas Barbosa (produtor de O Pagador de Promessas e Xica da Silva) subiu ao palco para lamentar o falecimento de Isaac Kelner (um dos fundadores do evento) dez dias antes do festival que, “em pouco tempo de existência, já é o melhor do Brasil”, frisou.
Na seqüência, outro vídeo do Canal Brasil tomou a sala. Desta vez, uma entrevista com Renato Aragão supriu a ausência do artista intercalando depoimentos pessoais com cenas dos filmes que participou. O vídeo deixou bem claro o porquê de Renato, uma figura presente no imaginário de quatro gerações brasileiras, ser o homenageado deste ano.
O primeiro vencedor da categoria curtas-metragem que a atriz Karina Barum anunciou foi Heitor Dhalia, diretor da ficção Conceição. Ele levou o Prêmio Especial do Júri. “Este ‘Passista’ não é só meu, é do Recife”, disse. O diretor do excelente Passadouro, o paraibano Torquato Joel, foi o grande vencedor da categoria curta-documentário e levou mais quatro prêmios. O cineasta lembrou que no ato da inscrição de seu trabalho ficou em dúvida em como classificar a obra. “Meu filme é um misto de ficção e realidade, gostaria de sugerir a inserção dessa nova categoria nos festivais”. Um dos prêmios de Passadouro foi para a fotografia de Walter Carvalho (de Central do Brasil). Carvalho também levou o título de melhor fotógrafo de curta-ficção por Texas Hotel, de Cláudio Assis.
A declaração de amor ao cinema feita quadro a quadro em De Janela pro Cinema, de Quiá Rodrigues, levou quatro ‘Passistas’ na categoria curta-animação. “Queria parabenizar este Festival, que é o único do país que dá prêmios técnicos para curtas-metragem”, lembrou. Na categoria curta-ficção, E No Meio Passa Um Trem, de Fernando Meirelles e Nando Olival, levou cinco ‘Passistas’, incluindo o de filme e direção. Quem também subiu ao palco foi Vinícius de Oliveira, o ator mirim de Central do Brasil, para agradecer o título de Melhor Filme do Século na opinião do público.
COBRAS – Depois da exibição do média Cinema Mambembe: O Brasil Descobre o Cinema, a drag queen Gilka Brechó comandou a apresentação de cinco artistas que interpretaram personagens do cinema nacional. Sob parcos aplausos, Gê Domingos interpretou Zé do Caixão e a corajosa dançarina Bárbara Gomes bailou trazendo sob o corpo apenas uma… cobra (!). Antes da atriz Françoise Fourton anunciar a vitória de Através da Janela, de Tata Amaral, na categoria Melhor Longa, os apresentadores Hugo Esteves e Graça Araújo agradeceram a cobertura dedicada pela imprensa nacional ao evento e agradeceram à qualidade dos críticos locais Alexandre Figueirôa e Kleber Mendonça Filho, do Jornal do Commercio (Recife).
Foi aos berros do público que André Moraes recebeu o ‘Passista’ pela trilha sonora de No Coração dos Deuses. O carioca vestia uma camisa do Sport Clube do Recife e agradeceu no estilo do personagem de Cláudio Assis em Conceição. “O Festival do Recife é do C……”. Os urros do público para André só não foram mais alto que as palmas que Laura Cardoso recebeu de uma platéia de pé. Extremamente emocionada, Laura foi julgada a melhor atriz pelo longa Através da Janela, de Tata Amaral. “Dedico o prêmio aos profissionais de cinema do Brasil e fico lisonjeada de levar um troféu de uma terra que sempre prestigiou a cultura e tem gênios como Antônio Carlos Nóbrega e Ariano Suassuna”, disse.
Os últimos a subir ao palco foi a equipe do filme O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas com a banda Faces do Subúrbio. Sob ovação, Marcelo Luna (que dirigiu o filme com Paulo Caldas) avisou que o público ia ver na projeção do filme não só a beleza do Recife mas também os problemas que geralmente são varridos para baixo do tapete. Já Caldas mandou um recado para o governador Jarbas Vasconcelos e o prefeito Roberto Magalhães. “Estamos parindo mais um longa no Recife. Estamos construindo uma indústria do audiovisual. Acreditem na gente”, concluiu.
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