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Críticas

O Bicho Vai Pegar

A estreia equivocada da Sony Animation.

Por Luiz Joaquim | 28.08.2018 (terça-feira)

– publicado originalmente em 6 de Outubro de 2006 no jornal Folha de Pernambuco

Inicia O bicho vai pegar (Open Season, EUA, 2006) e damos de cara, antes mesmo dos créditos de abertura, com a vinheta da Sony Animation. Será o anuncio de um novo império da animação digital em Hollywood? A contar pela empatia de O bicho vai pegar, não. Se considerarmos seu êxito comercial nos EUA, sim.

Lá, o desenho arrecadou US$ 23 milhões no fim de semana de estréia e possivelmente a voz das estrelas Martin Lawrence e Ashton Kutcher vinculadas aos protagonistas Boog, um urso domesticado como um cão, e Elliot, um cervo renegado pelo seu grupo, tenham ajudado nesse desempenho mercadológica.

A dupla se torna amiga quando o primeiro salva o segundo de ser morto. Eis que, em gratidão, Elliot se propõe a ajudar Boog forçando-o a conhecer as delícias do mundo fora de sua casa. Uma vez em seu habitat, e depois de  reviravoltas enfadonhas, Boog, o grandão bonzinho, finalmente encontrar seu lar. E Elliot, o bobo tagarela e esperto, por sua vez encontra seus verdadeiros amigos.

Trama e personagens aqui bolados para rechear o enredo já começam a soar cansados. Os diretores do filme, Roger Allers, Jill Culton e Anthony Stacchi fizeram sua estréia pelo caminho mais fácil, e que raramente é o melhor. Situações e personagens aqui já foram vistos em outros desenhos. Todos nós já conhecemos o ogro e o burro de Shrek; o mamute e a preguiça de A era do gelo; o tubarão vegetariano Lenny e o peixinho Oscar de Espanta tubarões; o grande monstro de pelo azul e o monstro baixinho e olhudo de Monstros S.A..

Eles são personagens de um mesmo tema e, nesse passo, não será surpresa se Hollywood em breve lançar um novo desenho protagonizado por um criado-mudo tagarela que resolve ajudar um guarda-roupa tímido a conquistar a estante de sua vida.

Não bastasse a história e personagens, repito, cansados, O bicho vai pegar também erra no tom. O outro agravante está na violência. Logo no início, vemos Elliot sendo atropelado por uma caminhonete de forma nada engraçada. No final, um ser humano sofre o mesmo acidente. O que foi criado para fazer rir, faz, na verdade, querer fechar os olhos contra uma cena triste. Situações assim, só proporcionam saudade da “violência” entre o Coiote e o Papa-léguas. É como se a Sony Animation não conhecesse o público ao qual está entregando seu O bicho vai pegar. Triste.

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