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Críticas

O chamado 2

A volta da despenteada do além

Por Luiz Joaquim | 16.08.2018 (quinta-feira)

– publicado em 24 de março de 2005 no jornal Folha de Pernambuco

Há dois anos a DreamWorks foi pega de surpresa com o extra-sucesso de O chamado (2002), que custou 15 milhões de dólares e rendeu 128,5 milhões. O filme era uma refilmagem norte-americana do cult japonês chamado Ringu (1998), que ganhou duas seqüência (Ringu 2 e Ringu O: Bâsudei) lá no Japão. Chega hoje às telas a seqüência gringa, O chamado 2 (The Ring Two, 2005, EUA) com a mesma Naomi Watts e o mesmo garoto David Dorfman do primeiro filme.  

A boa notícia é que a direção de O chamado 2 ficou sob responsabilidade de Hideo Nakata, ou seja, a cabeça japonesa criadora que concebeu o filme original. E pelo andar da carruagem no circuito, a continuação pode repetir o sucesso do antecessor. Até quarta-feira passada, estava no topo do ranking norte-americano tendo arrecadado 37,4 milhões de dólares em apenas seis dias de exibição. Parte desse crédito deve-se a Nakata que se esforçou para criar tensão a partir do roteiro frouxo de Ehren Kruger (o roteiro da seqüência japonesa é do próprio Nakata e bem diferente do americano).  

A história aqui segue a partir do final no primeiro filme. A jornalista Rachel (Watts) e Aidan, seu filho fazendo olho de peixe-morto (Dorfman), buscam esquecer o acontecido indo recomeçar a vida numa cidade pacata até que ela descobre que um adolescente foi morto pela mesma fita de videocassete que a atormentou no filme anterior. Sem saber que atrairia novamente a fúria da cabeluda fantasma-infantil Samara (Kelly Stables), Rachel destroi a fita amaldiçoada. A partir daí o espírito de Samara tenta tomar posse definitivamente do corpo de Aidan e Rachel se vê obrigada a descobrir mais detalhes sobre a vida da menina que foi assassinada pelos pais adotivos.

Nesse sentido, o novo filme é menos aterrorizante pois o elemento “tempo” está ausente, ao contrário do antecessor no qual tudo urgia em função de apenas uma semana de vida se a maldição não fosse repassada. Uma sequência amedrontadora envolvendo um animal (um cavalo) no primeiro filme ganha agora sua versão com alces mas, se ganha em tensão pelo timing certo dado por Nakata, perde em força do convencimento pelos efeitos digitais toscos.

Enfim, no lugar de uma lógica fria e fatal que conduz indiscutivelmente à morte pelo passar do tempo no filme um; o filme dois tenta combinar moderna tecnologia com uma cansada história de exorcismo. O resultado causa, alternadamente ao longo do filme, desconfiança (pelo exagero, como a aparição de Sissy Spacek lembrando Michael Jackson) e respeito (pela presença explícita da morte, como a escala de Samara pelo seu poço-túmulo). 

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