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Críticas

Amor em Jogo

Filme é baseado no livro “Febre de Bola”

Por Luiz Joaquim | 21.09.2018 (sexta-feira)

– publicado originalmente em 02 de Setembro de 2005 no jornal Folha de Pernambuco

Os irmãos Bobby e Peter Farrelly (de Quem vai ficar com Mary) dirigindo um roteiro baseado num livro de Nick Hornby (mesmo autor de Alta fidelidade)? Isso soava promissor quando foram anunciadas as filmagens de Amor em jogo (Fever Pitch, EUA, 2005).

A má notícia é que aquilo que prometia arrebatar pelo inusitado e sarcástico tornou-se apenas mais uma entre milhares de comédias românticas da indústria hollywoodiana. A boa notícia é que o filme não maltrata a inteligência do espectador; não entrando na categoria de “bobo”, e ficando apenas como “inofensivo”.

Talvez um indicativo pelo resultado irregular do filme esteja apontado no fato de que o roteiro não foi adaptado pela dupla de talentosos diretores, mas sim por Lowell Ganz e Babaloo Mandel. Sabe-se também que muito pouco foi aproveitado do livro de Hornby, que falava da história do seu time de futebol, o inglês “Arsenal”.

O timinho não ganhava um campeonato há 18 anos e no livro, Hornby relacionava os fracassos e êxitos de sua vida pessoal de acordo com as derrotas e vitórias do seu clube. Não há dúvida que Amor em jogo seria visto com outros olhos no Brasil se o objeto de desejo do protagonista no filme, Ben (Jimmy Fallon), fossem dez homens na linha e um no gol.

No filme, Ben é fascinado pelo Red Sox, um time de beisebol de Boston que não ganha o campeonato há 23 anos (como o Corinthias, entre 1954 e 1967), ou seja, Ben sofre desde quando era um garotinho de sete anos. Eis que ele conhece Lindsey (Drew BArrymore) que também vai completar “vinte e dez” anos e ainda está solteira. A pressão das amigas faz com que ela aceite o convite de modesto Ben para se conhecerem melhor e o casal acaba se dando muito bem. Até que a moça descobre a mania do namorado e a partir daí tudo pretende soar engraçado no filme.

Centenas de espectadoras na platéia deverão identificar na figura caricaturada de Ben seu próprio companheiro brasileiro torcedor, empunhando uma cerveja enquanto ora com xingamentos ao juiz para seu timão de futebol vencer. Talvez o humor de Amor em jogo resida unicamente nestes momentos absurdos, quando Ben, representando todos os torcedores devotados do mundo, está disposto a fazer quase tudo para não perder nem mesmo os treinos dos Red Sox.

A personagem de Barrymore é quem sai ganhando na história, com sua personalidade equilibrada e paciente, suscitando ser a mulher dos sonhos do torcedor masculino. Mas a estrutura básica das cartilhas de roteiro de comédia românticas americanas é a grande inimiga aqui. A armadura do casal que “se conhece, se apaixona, se decepciona um com outro, se reencontra e… bum… final feliz” está lá e não deixa espaço para nada de surpreendente nesse trabalho que apenas cumpriu uma agenda.

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