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Críticas

Capitão Sky e O Mundo de Amanhã

Um resgate aos filmes noir e clássicos da ficção científica

Por Luiz Joaquim | 17.09.2018 (segunda-feira)

– publicado originalmente em 19 de Novembro de 2004 no jornal Folha de Pernambuco

Capitão Sky e o mundo de amanhã (Captan Sky and The World of Tomorrow, EUA, 2004) remete, logo na abertura, às produções cinematográfica dos anos 1930 com seus créditos em perspectiva surgindo sob o som de uma música grandiloquente. A imagem, num tom sépia, quase um P&B, mostra o Empire State Building, numa Nova Iorque de 1938, servindo de atracadouro para um Zeppelin que sofre o ataque de gigante robôs voadores.

A beleza plástica de Capitão Sky… é o grande (talvez o único) mérito desse filme do diretor e roteirista Kerry Coran. Numa (boa) salada com influências de estética visual e estilística, o filme parece ter sido rodado há 70 anos, mas com a tecnologia de hoje. Talvez a maior influência do que se vê aqui tem origem em H.G. Wells com a versão para o cinema do seu Guerra dos mundos (filmado em 1953). Mas não se pode negar uma perspectiva de expressionista de Fritz Lang (Metropolis, 1926) e até mesmo de Peter Jackson (Senhor dos anéis, 2001).

O importante aqui parece ser o fato de que Capitão Sky… entra para história como um trabalho que utiliza a tecnologia CGI de animação digital não apenas para criar personagens que contracenem com atores reais, mas os efeitos aqui formam o universo real onde os atores aparecem. Ou seja, a animação digital não complementa o cenário ou a locação, ela é o próprio cenário e locação. E se alguém já disse que atores de carne e osso tinham os dias contados a medida em que os efeitos digitais ganhavam status de perfeição, o filme de Coran prova o contrário.

No caso, o filme conta com um quarteto estelar para dar suporte não só ao clima romântico entre o exímio piloto Capitão Sky (Jude Law) e a jornalista Polly (Gwywneth Paltrow), como também para dar cor a amizade entre Sky e gênio da tecnologia Dex (Giovann Ribisi), ou o companheirismo com a comandante Franky (Angelina Jolie). Todos lutam contra máquinas gigantes guiadas por uma força misteriosa que vem destruindo metrópoles no mundo inteiro atrás de energia.

Capitão Sky… não para de fazer referências (e reverências) a elementos da época de ouro da ficção científica, com mocinhos com pistolas de laser tentando salvar o mundo de uma força maligna sobre-humana. Mas alguns críticos estrangeiros dizem que Capitão Sky… também não existiria sem Guerra nas estrelas e Indiana Jones.

É verdade que após o inicial choque visual ao se deparar com o universo criado pelo desenhista Kevin Conran (irmão do diretor), fica fácil mergulhar de ação sugerido pelo filme. Por outro lado, o herói de Jude Law é emotivamente inconsistente, tanto quanto seu romance com Paltrow. Talvez com menos efeitos visuais sobre eles o longa ganhasse mais empatia do espectador pela causa do mocinho. De qualquer forma, o filme deve marcar uma geração pela belas imagens retrô, dando uma idéia, hoje, do futuro que permeava a cabeça de nossos avós.

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