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Críticas

De Repente É Amor

Amanda Peet e Ashton Kutcher vivem desencontros

Por Luiz Joaquim | 20.09.2018 (quinta-feira)

– publicado originalmente em 22 de Julho de 2005 no jornal Folha de Pernambuco

De repente é amor (A Lot Like Love, EUA, 2005), filme de Nigel Cole, pode ser resumido num conselho que um mudo diz, através de gestos, para seu irmão mais novo, Oliver (Ashton Kutcher, de Cara, cadê meu carro?). No conselho ele avisa que Oliver não deve perder tempo e fazer a vida sentimental esperar até que sua carreira profissional esteja estabilizada. Se o par amoroso de sua vida já apareceu, não se pode deixar que ele escape.

Falando assim, o conselho soa como a mensagem que todos os filmes românticos, no final das contas, pregam. E é isso mesmo. O agradável em De repente… está na sintonia entre Kutcher e sua parceira no filme, Amanda Peet (de Melinda & Melinda). Ambos atores carregam na imagem que construíram pela mídia a mesma leveza desenhada para seus personagens no filme.

Esse acerto na escolha dos atores, que parece ser nada mais que uma obrigação dos profissionais de casting da produção, na realidade não é tão simples de alcançar. A tal “química entre um par romântico” só acontece durante os ensaios e filmagens, e não quando o empresário de cada um deles está brigando para que seus nomes encabecem o elenco. Sendo assim, quando “a tal química” surge, é como se o filme ganhasse um bônus extra.

No caso de De repente…, esse “bônus extra” é o melhor que o filme tem a oferecer. Sem falar que Kutcher provoca suspiros nas meninas, enquanto Peet deixa os marmanjos babando. Assim sendo, o belo par de estrelas só precisava de personagens simpáticos (e é o que eles ganharam aqui) para que o filme fosse… simpático.

Alguns podem dizer que seria heresia remeter De repente… a Antes do amanhecer (1995) e Antes do pôr-do-sol (2004), ambos dirigidos por Richard Linklater, mas é exatamente o que acontece, pois a história dirigida por Cole transcorre durante sete anos na vida de Oliver e Emily (Peet); período em que os dois se conhecem e, depois de alguns encontros e desencontros, “amadurecem” (sic) e acordam um para o outro.

Sem o estofo intelectual dos filmes de Linklater, De repente é amor peca exatamente na suposta evolução de maturidade pelos quais os protagonistas passam. Há uma fagulha de convencimento na personagem de Peet, mas, exceto pelos cabelos longos, o personagem de Kutcher parece ser o mesmo dos 22 aos 29 anos. Isso, entretanto, não é culpa do rapaz, que pela primeira vez não faz o papel de um debiloide norte-americano, e sim do roteiro de Colin Patrick Lynch. Enfim, os detratores de Kutcher terão que, aqui, dar uma pausa.

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