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Críticas

No Limite

Anthony Hopkins prova porque tem fama de bom ator.

Por Luiz Joaquim | 15.10.2018 (segunda-feira)

– Publicado originalmente em 19 de Novembro de 1997 no Jornal do Commercio

Um filme que leva na assinatura do roteiro o nome do dramaturgo e cineasta David Mamet já merece uma atenção diferenciada. O filme possui ainda outro trunfo: é levado pela direção do neozelandês Lee Tamahori. (que também dirigiu o espetacular Amor e fúria).

É uma situação inusitada, como não poderia deixar de ser nas história de Mamet. Um bilionário (Anthony Hopkins) resolve acompanhar sua mulher para uma sessão de fotos nas montanhas do Alasca. Junto com eles está um fotógrafo de uma revista de modas (Alec Baldwin).

É quando este fotógrafo sai em busca de um modelo de última hora que o filme começa de verdade. O avião que o leva, juntamente com o bilionário, sofre um acidente e cai deixando-os em situação complicada.
Você deve estar pensando que o Sr. rico vai ter chiliques e o fotógrafo, jovem e bonitão, vai resolver os problemas. Aí é que está a diferença de um filme escrito por Mamet.

Além de possuir uma vasta cultura, o velho é um homem experiente e acostumado a tomar decisões calculadas e imediatas. O jovem é impetuoso, mas suficientemente impulsivo para não dar espaço a um bom raciocínio.
Há um instante no filme em que a vida do personagem de Hopkins é sublimemente sintetizada.

No momento do acidente, o livro, a sabedoria teórica, que sempre o acompanhava, se perde nas águas de um rio. Ou seja, dali para frente o homem “teórico” estava perdido e, dali nasceria o homem “prática”.
Anthony Hopkins prova porque tem fama de bom ator. Não há possibilidade de você olhar para Charles, o bilionário, e lembrar que aquele mesmo homem já interpretou um assassino “canibal” ou um mordomo inglês enrustido.

O personagem de Baldwin convence mais pela semelhança com outras vidas interpretadas pelo ator do que por uma característica específica do fotógrafo.
Para completar a tensão psicológica entre os dois perdidos (que além dessa situação irritante ainda tem outro motivo para se odiarem) existe um urso de 300 kg que vai garantir a você uma boa dose de adrenalina.

A única ressalva fica por conta de o personagem de Hopkins não demonstrar uma ponta de desânimo em nenhum momento durante todo o filme, coisa humanamente impossível, naquelas circunstâncias, mesmo para um bilionário casado com uma modelo maravilhosa que lembra a Julia Roberts.

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