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Reportagens

Luta pela liberdade – 50 anos do AI-5

Canal Brasil apresenta Mostra com série inédita e filmes sobre a ditadura no Brasil.

Por Delles Sassi | 08.12.2018 (sábado)

– Com informações da Assessoria em Comunicação Palavra! (Foto na capa do documentário “Setenta” de Emilia Silveira)

Em 13 de dezembro de 1968 foi emitido pelo segundo presidente do período da ditadura brasileira o Ato Institucional Número Cinco (conhecido como AI-5), este decreto caracterizava-se principalmente pela suspensão dos direitos políticos e resultou na institucionalização da tortura, usada como instrumento pelo Estado.

Próximo de completar meio século de sua publicação, o Canal Brasil prepara uma programação especial recordando a luta pela liberdade no país. Integrando três semanas do canal, às segundas-feiras de 10 a 24 de dezembro, às 19h, o assinante será convidado a uma reflexão sobre o tema. A grade inclui a estreia da série inédita Depois do vendaval, em três episódios que, após cada um, seguirá com a exibição de um longa-metragem documental cujo roteiro gire em torno desse momento sombrio da história do Brasil.

Confira a programação na integra:

  • Segunda-feira, dia 10/12, às 19h.

Estreia: Depois do vendaval (2018 – Classificação: 14 anos) – 1° episódio.

Sinopse: O regime militar não chegaria ao fim não fosse pela luta diária de brasileiros em prol do governo civil. Todos os dias, milhares de compatriotas arriscaram – e muitos perderam – a vida para acabar com a opressão totalitarista das forças oficiais. A série de Sérgio Péo, José Carlos Asbeg e Luiz Arnaldo Campos – os dois últimos assinam também a direção e o roteiro da atração – disserta sobre os principais momentos políticos formadores da democracia brasileira a partir de entrevistas com quem participou efetivamente das batalhas e resgates de vasto material de acervo da época. Dividido em três capítulos, o programa mostra como os sindicatos, a união dos estudantes e a anistia ficaram marcados como marcos fundamentais para a redemocratização.

A série documental discute as causas e as consequências de três momentos marcantes da luta democrática. O primeiro capítulo, “O Dia em Que a Terra Parou”, comprova a importância da greve geral de metalúrgicos e as demandas revolucionárias de operários das fábricas paulistas, com grande destaque ao ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, um dos líderes da paralisação. Em Liberdade, Liberdade, a atração mostra os efeitos da Lei da Anistia e o retorno de exilados e presos políticos, como Nelson Rodrigues Filho. No último episódio, Coração de Estudante, o espectador compreende o poder da União dos Estudantes do Brasil (UNE) e sua força política contra o regime militar. A cada capítulo, a história de brasileiros que se recusaram a aceitar a opressão física e intelectual do regime militar.

Sessão do dia: Marcos Medeiros, Codinome Vampiro (2016 – Classificação: 16 anos) – Filme de Vicente Duque Estrada.

Sinopse: Marcos Medeiros foi um nome de grande relevância na busca pela liberdade contra o autoritarismo do governo militar na década de 1960. Líder estudantil, exilado político e cineasta parceiro de Glauber Rocha – eles rodaram juntos o longa-metragem História do Brazil (1974) –, foi membro do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e tornou-se uma das principais vozes das manifestações populares contra a repressão. O ativista, no entanto, teve sua trajetória negligenciada ao longo dos anos e veio a falecer em condições precárias depois de longo período em um sanatório. O documentário de Vicente Duque Estrada resgata a memória desse militante nesta coprodução entre o Canal Brasil e a Cavídeo Produções.

O filme trabalha com duas linhas narrativas para contar a história dessa figura revolucionária. Uma vasta pesquisa de acervo traz fotos e vídeos da época, complementados por quem o conheceu de perto, como o ex-ministro Franklin Martins, o jornalista e escritor Fernando Gabeira, o produtor Alberto Flaksman e sua ex-esposa, a atriz Maria Lucia Dahl. O segundo enfoque oferece a leitura dramatizada de excertos de diários do militante e estudante de sociologia, em um retrato de uma personalidade inquieta e criativa. A partir dessas perspectivas, o documentário busca uma contextualização histórica no momento em que o Brasil discute os 50 anos do AI-5, decreto que transformou o governo militar em um regime ainda mais autoritário.

  • Segunda-feira, dia 17/12, às 19h.

Estreia: Depois do vendaval (2018 – Classificação: 14 anos) – 2° episódio.

Sessão do dia: Dossiê Jango (2013 – Classificação: 12 anos) – Filme de Paulo Henrique Fontenelle.

Sinopse: A laureada coprodução do Canal Brasil em parceria com o Instituto João Goulart tem como foco um dos capítulos mais importantes e obscuros da história do país: a trajetória e morte de João Goulart, presidente que foi expulso do cargo no dia 1º de abril de 1964. O título, assinado por Paulo Henrique Fontenelle e com argumento de Paulo Mendonça e Roberto Farias, faturou os troféus de melhor documentário pelo júri popular no Festival do Rio de 2012, além de melhor filme de longa metragem pelo júri popular no Festival de Tiradentes e melhor documentário pelos júris popular e oficial no Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM) do ano seguinte.

O gaúcho João Belchior Marques Goulart (1919-1976), conhecido popularmente como Jango, foi o 24° presidente do Brasil, entre 1961 e 1964. Antes disso, também ocupou a posição de vice-presidente de 1956 a 1961, tendo sido eleito com mais votos do que o próprio Juscelino Kubitschek. Sob a acusação de práticas comunistas, acabou deposto por um golpe militar em 1964. Em 2 de abril do mesmo ano, o Congresso Nacional declarou vago o cargo máximo do Poder Executivo e, alguns dias depois, João Goulart teve seus direitos políticos cassados.

  • Segunda-feira, dia 24/12, às 19h.

Estreia: Depois do vendaval (2018 – Classificação: 14 anos) – 3° episódio.

Sessão do dia: Setenta (2014 – Classificação: 12 anos) – Filme de Emilia Silveira.

Sinopse: A coprodução do Canal Brasil com a Cavideo tem como pano de fundo um dos capítulos mais sangrentos da história do país: a ditatura instaurada em abril de 1964, que durou mais de 20 anos e deixou milhares de desaparecidos. O foco principal do documentário assinado por Emilia Silveira – sua estreia na direção de longas-metragens – é voltado para 18 personagens que encararam de perto a violência da tortura e que, graças a uma ação ousada, conseguiram sobreviver para contar suas memórias.

Perseguições, prisões e mortes fizeram parte da rotina daqueles que, de alguma forma, tentaram enfrentar o regime. A suposta rebeldia, porém, tinha o seu preço: vários acabaram parando nas mãos de militares, sendo vítimas de longas sessões de tortura. Em resposta, alguns militantes foram às armas, promovendo, além dos protestos, atentados, assaltos e execuções. Uma dessas reações é retratada no filme: o sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher no Rio de Janeiro por organizações que contavam com a participação de Carlos Lamarca. Sua libertação passou a ser vinculada à soltura de 70 presos políticos. Quarenta dias depois, eles foram liberados e banidos do Brasil, partindo rumo ao Chile governado por Salvador Allende. Após meses de cárcere em condições desumanas, a emoção dos então exilados foi inevitável.

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