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Festivais

22a. Tiradentes (2019) – dia 2

Filmes celebrados e outros nem tanto (mas igualmente fortes) tomaram a Mostra mineira.

Por Luiz Joaquim | 20.01.2019 (domingo)

no still acima, cena de Teoria sobre um planeta estranho, de Marco Antônio Pereira.

TIRADENTES (MG) – O sábado (19) na 22ª Mostra de Cinema de Tiradente viu surgir dois longas-metragens que ganharam bastante atenção também no 51º Festival de Brasília, em setembro último. Lotando todas as poltronas do Cine-tenda, Temporada (leia aqui), do mineiro André Novais Oliveira, funcionou como uma espécie de pré-estreia aos seus conterrâneos, ávidos para conhecer o novo filme da terra que, como disse espectadora daqui, “deixa o coração da gente quentinho”.

A programação posterior deu espaço, no Cine-tenda, ao baiano Ilha, de Ary Rosa e Glenda Nicácio (leia sobre o filme clicando aqui). Outro longa com um pouco menos de circulação foi Empate, documentário com produção do Acre e direção de Sérgio de Carvalho, pelo qual investiga ameaças feitas sobre companheiros de luta do líder seringueiro Chico Mendes, assassinado há 30 anos.

CURTAS – Dois programas de curtas-metragens também tomaram o Cine-tenda, mais cedo, apresentando títulos também já consagradas em outros festivais (Plano controle, de Juliana Antunes; Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados, de Aiano Benfica, Camila Bastos, Cristiano Araújo e Pedro Malta de Brito; e Noir blue: Deslocamentos de uma dança, de Ana Pi) – o primeiro no programa “Foco Minas”, os dois últimos no programa “Corpos Adiante”.

Dentro do “Foco Minas”, exibiram também o experimental À cura do rio, de Mariana Fagundes Azevedo; Obreiras, de Ana França, Gabriela Albuquerque e Isadora Fachardo; e Teoria sobre um planeta estranho, de Marco Antônio Pereira. Este último, mais um trabalho do município de Cordisburgo – interior mineiro com cerca de dez mil habitantes – que no último ano tem oxigenado festivais com títulos inusitados, pra dizer o mínimo.

Aqui não é diferente e Marco Antônio Pereira, também atuando, interpreta o homem que forma um jovem casal apaixonado. Em clima de lua-de-mel, numa casinha interiorana, vemos o casal feliz, num cenário lúdico que dá músculo à beleza do amor do casal. Até que, num belo dia de brincadeira na chuva o inesperado acontece, e a figura de Deus entra na história. Se criar diálogos a partir da boca do divino já é algo interessante de avaliar, em Teoria sobre um planeta… isso ganha uma dimensão ainda mais curiosa, se consideramos quem representa Deus aqui, e a forma visual como o enxergamos no filme.

Stil de “Quebramar”

Os inéditos do programa “Corpos adiante” foram a ficção paranaense Lui, de Denise Kelm, e o documentário paulista Quebramar, de Cris Lyra. No palco junto com seu grupo que produziu e atuou em Quebramar, o discurso apresentado era unificado. Explicava que o filme surgiu do fato delas, lésbicas, não se reconhecerem em outros filmes. Nem pelos seus corpos, nem pelo seus pensamentos.

O resultado aqui é lindo. Isso porque o amor se sobressai no filme, acima de todo o apelo político que se costuma esperar de um filme assim. Acima de qualquer aspecto levantado aqui, ou melhor, entremeado em todos os aspectos trazidos aqui está o amor e o carinho do grupo de Lyra, cerca de seis pessoas. Amor que transborda na tela de maneira sóbria, passando longe do pieguismo ou da autopiedade, sendo tudo registrado com elegância cinematográfica.

Um filme assim só pode se sair eficiente em encurtar (e talvez eliminar) preconceitos. Que coisa boa.

*Viagem a convite do festival.

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