Celso Marconi refaz trajetória no cinema
Professor e ex-crítico do JC lança (nov.2000) 1º volume da coletânea de seus escritos na imprensa.
Por Luiz Joaquim | 14.03.2019 (quinta-feira)
– publicado no Jornal do Commercio (Recife). Caderno C, 30 de Novembro de 2000 – Quinta-feira. Na foto acima, de Leopoldo Nunes, Celso Marconi à época do lançamento de seu livro.
Celso Marconi é um crítico-guerrilheiro em defesa do cinema nacional. A oração, apesar de não reunir todas as qualidades do jornalista, é a que melhor sintetiza o que a nova geração de cinéfilos vai descobrir ao ler Obra jornalística de Celso Marconi – Cinema Brasileiro (Volume I), (Editora Bagaço, R$ 30, 582 páginas). Com lançamento marcado para hoje [30.11.2000], às 19h no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), a publicação reúne crônicas, críticas e informativos sobre o cinema brasileiro, escrita por Celso entre 1966 e 1974 para o Jornal do Commercio.
Após seis meses de uma minuciosa garimpagem com Gertrudy Lins Keusen (a quem o livro é dedicado) nos arquivos microfilmados da Fundação Joaquim Nabuco, Celso transcreveu desde notas anunciando a inauguração dos cines Ritz e Astor, em 1973 no Parque 13 de Maio, até criteriosas análises de estética fílmica, como é o caso do texto (ocupando sete páginas) sobre o controverso A noite do espantalho, longa dirigido por Sérgio Ricardo em 1974; ou ainda, o que escreve sobre À meia-noite levarei sua alma, de Mojica Marins, a época de seu lançamento em 1966.
Com prefácio de Fernando Monteiro e Nelson Pereira dos Santos (que ilustra a capa com Celso), o compêndio é dividido em seis capítulos assim intitulados: Notícias e Comentários sobre Filmes Brasileiro; Cinema Pernambucano; Circunstância do Cinema Brasileiro; Festivais e Jornadas; Cine-clubes em Pernambuco; e Outras Notícias do Cinema Brasileiro.
Também estão lá os textos responsáveis pela histórica discussão entre o jornalista e Ariano Suassuna (como no artigo Onde fica a porta do banheiro), pelo fato de Ariano consentir a primeira adaptação para o cinema de O auto da compadecida (em 1968) pelas mãos do paulista George Jones.
“Apesar de fã confesso do cinema nacional, não escreveria textos sem criteriosidade. Uma prova é a crítica negativa que fiz para El justiceiro, de Nelson Pereira dos Santos”, explica. Apesar de usufruir de um espaço pequeno no jornal (com algumas exceções) Celso mantinha publicações diárias no JC, “e, mesmo com a ditadura militar, tinha liberdade de expressão. Talvez até mais do que na época da abertura política. A opressão é circunstancial”.
PROBLEMAS – Duas ressalvas vêm à garganta ao folhear Obras jornalísticas de Celso Marconi. A primeira diz respeito a ausência de um índice onomástico ou remissivo. Num volume com tanta riqueza de informação documental e analítica, tudo o que se quer é a facilidade de localização das personalidades ou filmes englobados na pesquisa.
A outra se refere a falta da data em alguns artigos transcritos. Os textos, isolados por si só, não são suficientes para um leitor leigo se situar no tempo e no espaço. Para os dois problemas, o autor adianta que pode fazer uma nova edição revista e melhorada.
Celso pretende também dar continuidade ao projeto – concebido via Lei de Incentivo à Cultura com o apoio da Telemar -, publicando mais dois volumes. Um abrangendo seus escritos entre 1975 e 1982; e outro alcançando 1983 a 1989.
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