Os últimos anos do videocassete (2000)
MUDANÇAS – DVD gravável e a expansão de títulos digitais acenam para o fim das fitas de vídeo
Por Luiz Joaquim | 26.03.2019 (terça-feira)
Originalmente publicado no Jornal do Commercio, Recife, Caderno C. 9 de Março de 2000 – Quinta-feira.
O prenúncio de uma revolução se anuncia no mercado de produtos audiovisuais. A Pioneer acaba de colocar no mercado o primeiro Digital Versatle Disc (DVD) que além de reproduzir imagens é capaz de gravá-las.
O lançamento do DVD-1000 [foto acima] deve abreviar em cinco anos a aposentadoria do popular videocassete (VCR). Antes da chegada do novo aparelho, a previsão de vida para os VCR’s era de uma década. Portanto se você está pensando em comprar um novo aparelho desses, é melhor pensar duas vezes.
É bem verdade que o preço para adquirir a novidade ainda é bastante salgado. No site do fabricante, o produto é anunciado por US$ 2.200 dólares, ou seja, R$ 3.872 (cotação de 8 de março de 2000); e disco virgem US$ 26,50 (R$ 46,64). Até mesmo os tradicionais aparelhos de DVD, que chegaram por aqui no inicio de 1998, ainda não têm preços acessíveis. Custam em torno de R$ 1.000.
Mas o crescimento do acervo ofertado pelas locadoras têm revelado que o mercado está em expansão. As principais distribuidoras brasileiras vêm lançando títulos em vídeo e DVD simultaneamente.
Não são poucas as vantagens oferecidas pelo sistema digital. Além da excelente imagem, com resolução duplamente superior à do vídeo, o DVD disponibiliza som comparável ao das salas de cinema (desde que acoplado a um home-theather).
Outro diferencial do formato é a possibilidade de alteração do idioma das legendas. Alguns discos vêm com entrevistas e filmografias de atores e diretores. Menus interativos oferecem alternativas de sequência que permitem mudar a ordem e o acesso imediato a determinada cena. A chatice de rebobinar o filme não existe no DVD.
As distribuidoras nacionais têm investido na diversificação para conquistar o consumidor. Mesmo sem o acervo significativo do vídeo, a produção nacional de discos começou a crescer. Filmes recentes, como Matrix, estão disponíveis no mercado, assim como clássicos do porte de Psicose. A Warner já dispõe de 139 títulos e lança em março os inesquecíveis Bonnie & Clyde: Uma Rajada de Balas e Uma Rua Chamada Pecado. Sua concorrente mais forte, a Columbia, já ultrapassou o número de 120 filmes.
A London Films especializou-se no gênero terror. A Cult Filmes e a Versátil Filmes investem nos chamados filmes de arte, e já lançaram Gosto de Cereja e Rapsódia em Agosto. O Grupo Paris Filmes estréia neste mês com Breakdown: Implacável Perseguição, Don Juan de Marco, American Pie e Os Suspeitos. Para abril eles anunciam A Vida é Bela. A Fox não quer ficar pra trás e deve estar entrando no mercado brasileiro em breve.
Cloderico Monteiro, gerente da SMS Locadora, diz que a procura pelo DVD tem crescido e que a loja está investindo no novo formato. “Compramos quase todos os lançamentos que as distribuidoras nacionais colocam no mercado”, afirma. A locadora possui cerca de 200 títulos para alugar ao preço de R$ 4 ou R$ 3.
O acervo de Claudio Brayner, proprietário da Classic Video, é menor (em torno de 90 DVD’s) mas bastante diversificado graças as encomendas que faz no exterior. “A Bruxa de Blair está saindo em vídeo neste mês. Tenho o DVD desde setembro”.
Apesar de também investir pesado, o empresário ainda mostra-se reticente quanta a proximidade da aposentadoria do videocassete. “Na substituição do LP pelo CD os consumidores simplesmente deixaram de comprar o Vinil. Muitas pessoas usam vídeo apenas para ver filmes antigos e raros. São títulos que devem demorar bastante para ser lançado em formato digital, o que é um empecilho para a popularização do aparelho”, justifica Brayner que calcula existir apenas 60 usuários de DVD em Recife.
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