Carta aberta de Laiz Bodanzky repudia desmonte
Em nome da Spcine, sua diretora declarou repúdio ao desmonte do setor e alerta o perigo desse movimento
Por Luiz Joaquim | 25.04.2019 (quinta-feira)
Em carta aberta publicada ontem (24) pelo Instagram do Spcine, a cineasta e diretora do Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo, Laiz Bodanzky, anunciou o posicionamento da instituição a respeito da postura do governo Bolsonaro com relação à cultura, com especial atenção ao setor do audiovisual. Leia abaixo.
Diante do cenário alarmante, a Spcine manifesta seu repúdio ao que
considera o desmonte da política audiovisual brasileira. Os
acontecimentos recentes – pedido do Tribunal de Contas da União para
suspender novos contratos da ANCINE e paralisação nos repasses da
agência – põem em risco um setor responsável por alavancar anualmente
mais de R$ 20 bilhões no PIB do país e empregar mais de 330 mil
trabalhadores.
Em São Paulo, região de atuação direta da Spcine, nos últimos três
anos foram 57,2 mil postos de trabalho gerados e mais de R$ 1,1 bilhão
movimentados pelas produções que passaram pela cidade.
Como empresa ligada ao poder público, a Spcine compreende e reitera a
importância da transparência na gestão de recursos públicos. No
entanto, reforça a necessidade de um ecossistema inteligente, onde os
órgãos de controle entendam e contemplem as particularidades da
economia do audiovisual.
A Spcine ressalta também que a formulação de políticas públicas exige
a participação de entidades de classe e sociedade civil. Só assim é
possível criar estratégias eficazes e potentes para a economia
brasileira.
As recentes notícias, somadas à retirada do patrocínio de empresas
públicas de ações de Cultura, acendem uma luz vermelha para o
audiovisual brasileiro, botando em risco as conquistas de um setor que
se manteve em franco crescimento mesmo com a crise em outros segmentos
da economia.
Prova da relevância do conteúdo nacional é a participação nos
principais eventos de audiovisual do mundo. Ao longo dos últimos anos,
o cinema brasileiro marcou presença em festivais e premiações como o
Oscar, Sundance (EUA) e Berlim (Alemanha), só para citar alguns.
E, mesmo em meio à grave situação, o Brasil estará na edição deste ano
do Festival de Cannes (França), com participação em SETE
longas-metragens, incluindo a disputa pela Palma de Ouro, maior
honraria do cinema mundial, e exibições nas mostras Um Certo Olhar,
Quinzena dos Realizadores e L’ACID.
Em defesa do cinema nacional, a Spcine está articulada com as
entidades de classe para entender e propor saídas para este momento
delicado para o audiovisual brasileiro.
A empresa espera que medidas urgentes sejam tomadas para que a
paralisação tenha fim e as atividades do setor possam ser
normalizadas.
Atenciosamente,
Laís Bodanzky
Diretora-presidente
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