Pokémon: Detetive Pikachu
Investigação, Pikachu e um roteiro que não quis evoluir
Por Pedro Henrique Lima | 09.05.2019 (quinta-feira)
O filme Pokémon: Detetive Pikachu (Pokémon Detective Pikachu, EUA/Jap., 2019), dirigido por Rob Letterman, é uma adaptação de um jogo chamado “Detetive Pikachu”, o qual é um spin-off (derivado), da franquia Pokémon, pelo qual busca, assim como o jogo em que foi baseado, atrair novos fãs e também trazer o sentimento de nostalgia para os antigos.
Para isso, ambos se utilizam de referências a símbolos famosos da franquia dos monstros de bolso em uma narrativa diferente e com peculiaridades que trazem algo de único para as obras. No início de seus 104 minutos, já é possível notar que sua maior aposta é a aparição dos Pokémon modelados digitalmente de uma maneira mais realista do que qualquer outro produto oficial até então feito, e que permeiam de forma bastante presente por todo o longa-metragem.
O filme conta a história de um garoto, Tim Goodman (Justice Smith, de Jurassic World: Reino Ameaçado), que após o desaparecimento do seu pai vai até Ryme, cidade onde ele morava, e lá conhece o Detetive Pikachu (no som original, voz de Ryan Reynolds), parceiro Pokémon de seu pai e que, agora ao seu lado, vai ajudar o garoto a e procurá-lo e desvendar esse mistério.
Para contar essa história, Pokémon: Detetive Pikachu traz atuações que variam bastante, pois vão desde uma relação carismática entre o protagonista humano e seu novo companheiro Pokémon, até vilões caricatos e sem uma presença marcante na narrativa que enfraquecem ainda mais as reviravoltas que a trama propõe.
Considerando também uma razoável fotografia dirigida por John Mathieson, que apostou em cenas bastante iluminadas e coloridas nas tomadas noturnas pela cidade, e em tons mais frios e monocromáticos para cenas diurnas e externas, pode-se dizer que o roteiro é um dos pontos mais fracos da obra.
Com um começo mais lento e introdutório para os personagens principais, o longa apresenta um problema em seu ritmo com a chegada de sua segunda metade e que se acelera fazendo com que toda adversidade enfrentada pelos protagonistas seja superada muito rapidamente e que todas as reviravoltas guardadas até o final, e são muitas, acabem acontecendo de maneira que o espectador mal consegue digeri-las.
Já em um âmbito mais amplo da direção do filme, é possível notar que a obra opta por um caminho mais comercial e simples na composição de suas cenas, insistindo na ideia de que o seu atrativo real está nos personagens digitais e no apego emocional que eles carregam para os que já conhecem a franquia, o que acaba deixando a obra com uma estética um tanto quanto genérica em alguns momentos.
Como ponto mais alto aqui, temos a direção de som se destacando ao misturar uma boa sonorização e montagem das músicas em momentos interessantes com uma nostalgia bastante bem-vinda ao utilizar-se de melodias que ficaram marcadas na cultura pop, sendo essas relacionadas aos próprios jogos da marca Pokémon ou de suas animações produzidas para promover os jogos.
Em suma, Pokémon: Detetive Pikachu é um filme que acerta bastante no ponto que promoveu como principal (o carisma dos modelos digitais dos monstrinhos de bolso), e alia isso a relação entre o personagem principal do filme, o próprio detetive Pikachu, com seu parceiro humano. Mas, em compensação, traz uma direção sem muita personalidade e um roteiro que não se decidiu entre se preocupar com o desenvolvimento dos personagens e o desenvolvimento da trama principal, fazendo com que esse se mostre como o seu ponto mais fraco.
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