14. CineOP (2019) – balanço
Ao longo de seis dias, evento beneficiou um público estimado em mais de 15 mil pessoas.
Por Luiz Joaquim | 11.06.2019 (terça-feira)
– com informações da assessoria de imprensa do CineOP.
Ao longo de seis dias, o CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto ofereceu uma programação diversificada e gratuita que exibiu 103 de filmes, promoveu 26 debates, oficinas, sessões cine-escola, atrações artísticas e reuniu profissionais do audiovisual, da preservação e da educação no centro das discussões
A mostra, em sua 14ª edição, encerrou ontem (10) reafirmando seu propósito de ser instrumento de reflexão e luta pela salvaguarda do patrimônio audiovisual brasileiro em diálogo com a educação. O evento promoveu uma programação diversificada e gratuita que contou com a participação de cineastas, profissionais do audiovisual, da cultura, acadêmicos, pesquisadores, representantes de instituições e acervos nacionais e internacionais, jornalistas, críticos e público em geral. Estima-se que mais de 15 mil pessoas tenham sido beneficiadas com a realização do evento.
“A CineOP se colocou como um espaço privilegiado de valorização e aproximação de diferentes agentes da cadeia produtiva do audiovisual e da educação, visando unir e incentivar trabalhos em comum, com vistas a avanços e mudanças significativas nas duas áreas e representou uma declaração de princípios em favor da diversidade social e humana deste imenso país”, ressaltou Raquel Hallak, coordenadora do evento e diretora da Universo Produção.
A programação foi estruturada em três eixos centrais – Preservação, História e Educação – cada um deles propôs um enfoque temático específico assinado por cada curadoria. Foram exibidos 103 filmes (12 longas, 4 médias e 87 curtas), de 15 estados brasileiros e três países, Argentina, Brasil e França, em 34 sessões de cinema e distribuídos nas mostras Homenagem, Contemporânea, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha e Cine-Escola. As exibições ganharam as telas do Cine-Teatro, no Centro de Convenções, onde também funciona a sede do evento; do Cine Vila Rica, um dos cinemas mais antigos da América Latina; e do Cine Cemig na Praça, cinema ao ar livre montado especialmente para o evento na Praça Tiradentes, um dos cartões-postais da cidade.
A temática central, que também norteou o recorte Histórico, foi Territórios regionais, inquietações históricas. Assinada pelos curadores Francis Vogner dos Reis e Lila Foster, a programação colocou em destaque produções entre os anos de 1960 e 1980, que tiveram enorme importância nas discussões sobre o cinema brasileiro e no enfrentamento das difíceis condições de produção que marcaram a trajetória do cinema independente no Brasil. Uma seleção de 20 filmes, entre longas, médias e curtas dirigidos por nomes como Carlos Gerbase, Sérgio Péo e Sylvio Lanna, estes dois últimos presentes nesta edição do evento, foram exibidos na programação, que buscou pensar o cinema brasileiro e os filmes produzidos em diversas regiões do país.
A homenagem ao cineasta Edgard Navarro, inserida no contexto da temática Histórica, exibiu sete filmes do diretor, entre eles Superoutro, que completou 30 anos em 2019, e Abaixo a Gravidade, seu mais recente trabalho. O convidado ainda participou de Roda de Conversa com o público, no qual rememorou sua trajetória, que começou no Super-8 baiano na década de 1970.
A Temática Preservação, assinada por Ines Aisengart Menezes e José Quental, enfocou A Regionalização e a formação do patrimônio audiovisual brasileiro, dedicando-se à discussão sobre ações e políticas regionais para a manutenção e cuidados com acervos audiovisuais em território brasileiro. Este recorte reuniu 11 filmes do acervo do Canal Thomaz Farkas e da Cinemateca da Bretanha, além do longa Rio da Dúvida, de Joel Pizzini, que teve pré-estreia nacional durante o evento e apresentação de estudo de caso que revelou um minucioso trabalho de pesquisa para recriar a Expedição Científica Roosevelt-Rondon (1913).
Já a temática Educação partiu do enfoque Mulheres: terras e movimentos para refletir sobre a atuação das mulheres no campo do cinema e da educação, tendo como ponto de partida o vínculo com a terra, com os territórios e espaços por elas ocupados na sociedade. O olhar foi escolhido pelas curadoras Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga, que selecionaram 38 filmes, entre eles o curta Terra Kaxixó, dirigido coletivamente, e o longa Força das Mulheres Pataxó da Aldeia Mãe, de Caamini Braz e Vanuzia Bonfim, de mulheres indígenas. O documentário Tem quilombo na cidade: Manzo Ngunzo Kaiango, de Alexia Melo e Bruno Vasconcelos, exibido no Cine Cemig na Praça, também marcou um momento especial: o retorno de Mãe Efigênia, importante liderança quilombola retratada no filme, de volta a Ouro Preto, sua cidade natal, após 40 anos.
SEMINARIO – O 14º Seminário do Cinema Brasileiro: Fatos e Memória sediou o 14º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: XI Fórum da Rede Kino – Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual, reunindo ainda os debates da Temática Histórica. Nesta edição, 75 profissionais do audiovisual, acadêmicos, pesquisadores, historiadores, críticos de cinema e convidados internacionais estiveram no centro dos 26 debates, diálogos da preservação e educação, estudos de caso e apresentações de projetos educativos, com o propósito de gerar reflexões, troca de experiências, conhecimento, intercâmbio e cooperação entre os participantes. Nesta edição, contou também com a participação de cinco convidados internacionais de três países – Argentina, França e Uruguai -, que colaboraram com suas experiências, reflexões e propostas sobre as questões centrais desta edição.
CULTURA GERA EMPREGO – Para a realização da 14ª CineOP a Universo Produção, responsável pela idealização e realização do evento, contratou mais de 180 empresas que prestaram serviço para o evento. Estima-se que foram gerados mais de 1.500 empregos diretos e indiretos. O evento atraiu a participação de profissionais da cultura e da educação, atraiu milhares de turistas que movimentaram o comércio e a economia local, mostrando que a cultura também é bom negócio.
A CineOP contou com a cobertura jornalística de 40 veículos de imprensa, representados por 55 jornalistas. Foram credenciados sete hotéis e pousadas e dez restaurantes e mais de 120 profissionais integraram a equipe de trabalho nas etapas de pré-produção, produção e desmontagem.
Mais uma vez, a CineOP se apresentou-se como um importante empreendimento cultural que integra a indústria do entretenimento e da economia criativa, a que mais cresce no mundo e, ainda revela que sua proposta conceitual e estética é um dos mais pungentes retratos que anuncia o futuro em tempo presente.
Vida longa ao CineOP.
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