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Festivais

23. Cine-PE (2019) – noite 5 (curtas)

Produções de Pernambuco refletem sobre memória e cidade na 5º noite do Cine PE.

Por Delles Sassi | 03.08.2019 (sábado)

Na capa registro da assessoria do festival.

É bom ver que mesmo diante um futuro incerto na cadeia cinematográfica nacional, o País tem produzido como nunca! Usando das palavras de Nínive Caldas – nova voz que apresenta o festival -, ‘a produção cinematográfica está em efervescência’, e Pernambuco, como em toda história do cinema brasileiro, vêm deixando cada vez mais a sua marca e participação nesta jornada que esperamos nunca ter fim.

Deste modo, na 5º noite do Cine PE 2019, ocorrida ontem (2), filmes pernambucanos não poderiam ficar de fora da programação e na sessão da Mostra Competitiva de Curtas-metragens Pernambucanos, dois títulos trouxeram como plano de fundo de suas narrativas a cidade como espaço urbano de memórias e renovações constantes.

(Epigramas de Wayner Tristão)

O primeiro curta-metragem exibido ontem na sala do histórico cinema São Luiz (Recife) foi o reflexivo Epigramas, que na direção de Wayner Tristão monta de forma contemplativa registros de antigas construções, expondo junto as rachaduras de suas fachadas um texto poético que acompanha todo o filme. Através das imagens de Tristão, percebemos nas ruínas dos contornos de uma arquitetura não preservada pela contemporaneidade das cidades um passado que resiste em meio ao tempo. Não sabemos a localização dos edifícios arcaicos, mas isto não impede a mente do espectador em montar ele mesmo sua cidade, em lincar o que vê à memória de algum canto abandonado e esquecido em alguma localidade de seu conhecimento. Aqui, a fotografia tem um forte papel em transmitir a poética do realizador, natural e sem abruptas modificações nas imagens compõem bem a mensagem por trás dos ‘epigramas’ presentes em tais monumentos.

(S/N (Sem Número) de Renata Malta)

Em seguida, foi a vez da cineasta Renata Malta trazer para o público, que lotava a sessão, a sua visão sobre as modificações no espaço urbano com o curta S/N (Sem Número). Num olhar peculiar, Malta conta um episódio inusitado na vida de Romero, protagonista da ficção, que ao voltar para sua casa depara-se com uma farmácia no local onde deveria existir o prédio que mora. Completamente aturdido, o personagem mal consegue pedir por informações e quando compartilha do estranho ocorrido sua fala é compreendida tão confusa quanto seu estado. Segue-se então, uma andança sem rumo, onde passamos a perceber a sátira dos meios urbanos em tornar o espaço das cidades, por vezes, tão amontoados e inconstantes, cujo assim como Romero no filme nos encontramos desconexos e perdidos no meio de suas transformações. A produção dirigida por Renata Malta, traz uma perspectiva interessante sobre esses espaços, o filme foi resultado do trabalho de conclusão de curso da realizadora, formada em Cinema e Audiovisual na AESO (Faculdades Integradas Barros Melo), vê-lo integrar a 23º edição do Cine PE só reafirma as palavras iniciais deste texto, de que a produção nacional não para!

Neste sábado (3) acontece a última noite de sessões do Cine PE 2019. Com exibição dos curtas Trip & Treasure e Pogrom, e os longas O Corpo é Nosso! e Teoria do Ímpeto. A noite ainda conta com a homenagem à atriz Drica Moraes, que recebe o prêmio Calunga de Ouro em reconhecimento ao seu trabalho. As entradas são gratuitas. 

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