8 1/2 Festa do Cinema Italiano (2019)
Em que termos o “Festa” é mais valioso que o “Varilux”? E por que não devemos compará-los? Leia aqui.
Por Luiz Joaquim | 06.08.2019 (terça-feira)
– acima, still de Silvio e os outros, de Paolo Sorrentino
Ele veio para ficar. Na próxima quinta-feira (8) vamos encontra-lo novamente. E sua casa no Recife não poderia ser mais charmosa: o Cinema São Luiz. Em seu terceiro ano no capital pernambucana (e sexta edição no Brasil) o 8 ½ Festa do Cinema Italiano poderia ser preguiçosamente explicado como a versão italiana” para o já estabelecido Festival Varilux de Cinema Francês. Seria, porém, uma analogia injusta uma vez que o Varilux ao longo dos últimos dez anos vem construindo um caminho mais fácil de conquista com seu espectador (entenda melhor clicando aqui).
O Festa vem trabalhando para se estabelecer a partir de títulos não necessariamente fáceis em sua programação. Entenda ‘fácil’ por aquelas obras com as quais respeitáveis senhorinhas da classe média brasileira se sentiriam confortáveis, gostando de acessar, pelo cinema, uma ideia de cultura europeia ideal, sendo elas próprias aproximadas a este ideal por filmes edificantes.
Numa olhadela revisionista rápida na programação dos últimos três Festa, vê-se que esse caminho não é a primeira opção curatorial do festival.
De qualquer forma, acompanhar os filmes italianos que o festival nos apresenta é algo muito mais valioso – pelo quesito ‘oportunidade’ – que no caso do Varilux. Por que? Porque quase em sua totalidade, os títulos do Varilux são posterior e largamente distribuídos comercialmente nas salas de cinema do Brasil. Os do Festa, não.
Portanto, chegou a hora de arregaçar as mangas e descobrir novas produções daquela cultural europeia que é, talvez, a mais próxima da brasileira. Diferente da francesa (mais uma diferença), o cinema italiano gosta do humor (e o fazem muito bem em sua cinematografia), gosta do calor e da alegria.
FILMES – Insistem nisso tudo inclusive nos filmes cuja raiz é dramática. Um bom exemplo disso está em Euforia (que já exibe quinta-feira, às 17h no São Luiz, leia crítica clicando aqui). Dirigido por Valéria Golino (mais conhecida como atriz), conta a história da aproximação de dois irmãos, um extremamente bem-sucedido e outro simples, humilde. Traz performance iluminada de Riccardo Scamarcio.
Scamarcio, rosto italiano bastante conhecido, está, a propósito, em outros títulos importantes que compõem esta edição do Festa. Na sessão das 19h30 desta quinta, logo após Euforia, ele será visto num clássico recente da Itália – O melhor da juventude, filme de Marco Tullio Giovana, que venceu o Un certain regard em Cannes 2003.
Aqui a história reconta um pouco da própria história da Itália entre os anos 1960 e os 2000 – das cheias de Florença à luta contra a máfia; dos grandes jogos de futebol da Itália às canções que marcaram gerações –, a partir da história de uma família. Por sua longa duração (o filme dura 6 horas e 6 min.), a sessão será divida em duas partes. A segunda acontece na sexta-feira, também às 19h30.
O diretor Marco Tulio, inclusive, vem ao Brasil e amanhã (7) já participa da abertura para convidados do Festa em São Paulo, no Espaço Itaú Cinema. Na quinta (8), promove masterclass no mesmo endereço. Já na segunda-feira (12), a masterclass será no Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro e, por fim, o cineasta passa em Goiânia, no Cinema Lumière, para abrir o festival na capital de Goiás.
De volta aos filmes, veremos o ator Riccardo Scamarcio também no novo filme de um dos mais aclamados diretores italianos da contemporaneidade – Paolo Sorrentino. Em Silvio e os outros, com sessão reservada para o sábado às 19h30, poderemos ver um parceiro constante de Sorrentino, o sempre ótimo ator Toni Servillo (de A grande beleza) como Silvio Berlusconi. O filme descreve a decadência do “reino” do político italiano e, sobretudo, da sua “corte” formada por cortesãos, empreendedores corruptos, bobocas e até acrobatas.
Um programa duplo destacado pela divulgação do festival foi batizado de A grande arte no cinema por apresentar dois títulos Michelangelo: Infinito, de Emanuele Imbucci e Caravaggio: A alma e o sangue, de Jesus Garcés Lambert. Na verdade, os filmes integram um ciclo de documentários que chegarão às salas de cinema a partir de outubro.
Os outros títulos importantes aparecem no Festa que toma o cine São Luiz. São eles: Lucia Cheia de Graça, de Gianni Zanasi, exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2018; Noite Mágica, de Paolo Virz.
E para descobrir novos talentos, vale assistir Entre Tempos, de Valerio Mieli, sobre um amor nunca esquecido; Desafio de um Campeão, de Leonardo D’Agostini, sobre o universo do futebol; Dafne, de Federico Bondi, focando uma jovem com Síndrome de Down; e o divertido Bangla, de Phaim Bhuiyan, longa premiado como a melhor comédia italiana do ano, que acompanha um italiano filho de imigrantes de Bangladesh.
O 8 ½ Festa de Cinema Italiano, neste 2019, vai acontecer em 16 cidades no período de duas semanas. Recife está entre aquelas que terão as exibições na semana 1 (8 a 14 de agosto), junto a Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Niteroi, Rio de Janeiro e São Paulo. Entre 15 e 21 de agosto é a vez de Florianópolis, Natal, Vitória e Belém, Goiânia, Londrina e Fortaleza.
No São Luiz do Recife (que já foi responsável pela melhor performance nacional do Festa), o ingresso custará R$ 10 e R$ 5.
Abaixo, a programação completa no São Luiz Recife. E, clicando aqui, você acessa a programação completa em todas as 16 cidades onde o Festa aporta.
Leia também sobre a 1ª edição no Recife do 8 1/2 Festa do Cinema Italiano clicando aqui
0 Comentários