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Críticas

It: capítulo 2

Perder tempo na vida deveria ser um crime.

Por Luiz Joaquim | 07.09.2019 (sábado)

Perder tempo na vida deveria ser um crime. Ao menos a partir de uma certa idade. E se assim fosse, o diretor Andy Muschietti, e quase todos os envolvidos com o seu mais recente filme, estariam muito encrencados com a polícia por colocar no mundo tal ‘coisa’ (perdoem o trocadilho infame) chamada It: Capítulo dois (It; Chapter Two, EUA, 2019).

Poucas obras de horror, como equívoco em sua concepção, são mais medonhas do que os vilões que elas querem apresentar. Pennywise, o malvado palhaço do além que devora criancinhas na pacata cidade norte-americana de Derry é um cara divertido perto do maltrato que o filme comete contra o seu espectador em termos cinematográficos.

A começar por um dos mais inexplicáveis e indefensáveis 169 minutos dedicados a um filme na história do cinema. A megalomania da New Line Cinema (braço ‘alternativo’ da Warner) e seus associados, fundada na crença da nesse$$idade de uma sequência para a bacana e bem-sucedida refilmagem de It (1990), em 2017 (como It: a coisa) parecia fadada ao que resultou.

Resultado que podemos resumir a um balaio de clichês, com atores sérios e respeitados, como James McAvoy (Vidro) e Jessica Chanstain (A hora mais escura), tendo que lidar com um roteiro quase infantil, esforçando-se para soar engraçado e assustador simultaneamente (e falhando nos dois campos), a partir de uma salada condimentada por pitadas de fórmulas (websérie StrangerThings) sobre clássicos (Clube dos cinco) de forma que, a impressão marcante aqui nesse roteiro é que ele foi concebido por aplicativo da Microsoft, em versão desatualizada.

Elenco de adultos passando ridículo

Dois possíveis pensamentos sérios vindos a partir da visão de It: Capítulo dois – e seu orçamento de US$ 79 milhões – não dizem respeito ao filme em si (claro!), mas sobre sua consequência. A) o grau de constrangimento das estrelas e atores ao final de primeiríssima première do filme em Hollywood, cercada de diversas expectativas e de um sem-fim de Youtubers cercando tais estrelas para que dessem, por contrato, falas elogiosas ao que acabara de ser cometido ali.

E, B), pensar que a única coisa que cabe a Pennywise é procurar um oftalmologista e que, a partir daí, tudo deixaria de ser um problema.

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