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Reportagens

Adam Sandler: nova mina de ouro do cinema (1999)

Estrela de “O Paizão” tem um jeito ingênuo de fazer graça, mas seu humor pode ser norte-americano demais

Por Luiz Joaquim | 04.01.2020 (sábado)

Amanhã (5) é dia de Globo de Ouro, sua 77ª edição. Mas é a cerimônia do Oscar que tem a maior atenção do mundo quando o assunto é cinema. Já já, no 13 de janeiro, saberemos os indicados a sua 92º edição e muitos no Brasil ainda não comentam uma possível indicação, surpreendente para a maioria das pessoas, de uma estrela hollywoodiana. É a de Adam Sandler como ator por Joias brutas (Uncut Gems, 2020), dos irmãos Safdie (de Bom comportamento), com estreia no Brasil em streaming pela Netflix em 31 de janeiro.

No novo filme, Sandler está transformado. Vive um carismático joalheiro nova-iorquino correndo atrás de dinheiro e sempre se arriscando em maracutáias duvidosas. Sua performance rendeu elogios, entre outras, da crítica do The New York Times, Manohla Dargis.

Considerando este potencial “novo” assunto na boca do brasileiro cinéfilo daqui a um mês, o CinemaEscrito resgata uma matéria produzida pelo seu editor, Luiz Joaquim, há mais de duas décadas (e publicada também num sábado – 2 de outubro de 1999) quando Sandler ainda era um ilustre desconhecido no Brasil.

Nesse traçado sobre sua carreira, até então, destacávamos que Martin Scorsese estava de olho no jovem em ascensão para convidá-lo a interpretar Dean Martin numa cinebiografia, que acabou nunca sendo realizada. Chamávamos também atenção para o teor já norteamericanizado demais no humor de Sandler como oposição para que viesse a fazer o mesmo sucesso no Brasil que faria nos EUA.

Sandler em cena de “Jóias Brutas”, estreia 31 de dezembro de 2020 no Netflix

 

– Abaixo, matéria publicada originalmente no Jornal do Commercio (Recife) em 2 de outubro de 1999 (sábado). Na foto maior, Sandler em cena de O Paizão.

O que Tom Cruise, Mel Gibson e Harrison Ford têm a ver com Adam Sandler? Todos cobram US$ 20 milhões por filme. Mas quem é Adam Sandler? Ele é o americano que levantou sozinho US$ 400 milhões entre apresentações em casas noturnas, discos, vídeos, filmes e programas de TV. Sandler é também o produtor, roteirista e protagonista do filme O paizão (Big Daddy, EUA, 1999), em cartaz no Recife e em Caruaru.

O público brasileiro já teve a oportunidade de ver o ator em Afinado no amor (The Wedding Singer), no qual protagoniza as desventuras de um cantor de casamento abandonado pela noiva (que não é a Júlia Roberts).

A história desse rapaz que escrevia roteiros para um dos programas humorísticos de maior prestígio da América, o Saturday Night Live, começou a fazer diferença quando ele apareceu na telinha. O jeito de eterno coitado que lhe caracteriza garantiu sua permanência no elenco do programa por cinco anos. O Saturday Night Live já foi responsável pela revelação de gente como Dan Aykroyd, Eddie Murphy e Chevy Chase.

E é o Chevy Chase a maior referência que os críticos encontraram para classificar o novo ícone americano. Como os personagens do ator de Férias frustradas, as figuras criadas por Sandler fazem o gênero desajeitado/espontâneo, cínico e sem sorte com as mulheres. Sua imagem de “puro” acabou por torna-lo facilmente adotado pelo público juvenil no EUA.

Sua ascensão em Hollywood tem como ponto de partida Afinados no amor, que custou US$ 20 milhões e rendeu quatro vezes mais. O seu filme seguinte, O rei da água (Waterboy, 1999) teve o mesmo custo do anterior e chegou a ultrapassar a casa dos US$ 100 milhões de arrecadação. Na pele do garoto da água, Sandler fincou de vez sua popularidade nos Estados Unidos. No filme ele é Bobby Boucher, uma espécie de gandula idiota, que é feliz por servir água aos jogadores de seu filme de futebol. Bobby é um crianção que vive repetindo anasaladamente, a frase: “but my mamma sad…” (“mas minha mãe disse…”). O bordão virou mania entre os americanos e, por um bom tempo, todos começaram a falar igual ao garoto da água.

Se os números apresentados ainda não impressionaram, então basta entender que o assunto cinematográfico do momento (leia-se A bruxa de Blair) não conseguiu alcança a façanha de O paizão, que atingiu a quantia de US$ 146 milhões no primeiro mês de exibição. Entre maio e setembro, o filme foi o 4º mais bem-sucedido da parada. Só perdeu para os medalhões Guerra nas estrelas: Episódio I (US$ 420 milhões), Austin Powers: O espião “Bond” de Cama (US$ 204 milhões), e Tarzan (US$ 166 milhões).

A bilheteria americana não é parâmetro de equilíbrio para a qualidade do filme, mas serve para ilustrar a máquina de fazer dinheiro chamada Adam Sandler. A fama do comediante chegou aos ouvidos de gente que faz cinema com ‘c’ maiúsculo. Informações oficiosas informam que Martin Scorsese está estudando a possibilidade de convidá-lo para participar de um filme sobre a vida do cantor e ator Dean Martin.

Apesar dos milhões de fãs e dólares que na América, Sandler vem passando desapercebido no Brasil. Suas piadas e gags são por demais impregnadas de ranço norte-americano o que as torna ininteligíveis para quem vive abaixo da linha do equador. Metade de sua força fica perdida na versão abrasileirada apresentada nas legendas. Ir encontrar Sandler em O paizão pode ser interessante, mas recomenda-se evitar expectativas. Veja trechos do filme O paizão na sessão do Caderno C no JC Online (www.jc.com.br).

 

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